PF investiga desvio de R$ 198 milhões da saúde e educação no Pará
Por: Fabyo Cruz
02 de setembro de 2025
BELÉM (PA) – A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira, 2, a Operação Expertise, que apura um esquema de desvio de recursos públicos da saúde e da educação no Pará. Segundo as investigações, até R$ 198 milhões podem ter sido desviados de verbas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e do Fundo Nacional de Saúde (FNS), por meio de fraudes em licitações e contratos administrativos.
Entre os alvos da operação estão servidores do Governo do Pará, da Assembleia Legislativa do Estado (Alepa), da Prefeitura de Marituba, além de empresários e empresas de fachada. O grupo, de acordo com a PF, direcionava licitações, realizava adesões irregulares a atas de registro de preços e simulava ou executava parcialmente contratos. Após os repasses, os valores eram sacados em espécie e distribuídos entre os envolvidos.
Para cumprir as medidas judiciais, participaram da ação 65 policiais federais e seis auditores da Controladoria Geral da União (CGU). Foram expedidos 18 mandados de busca e apreensão em Belém e Marituba e cinco prisões preventivas. Também foram determinados o bloqueio de até R$ 198 milhões em ativos, a quebra dos sigilos bancário e fiscal de 17 investigados, o afastamento cautelar de seis servidores públicos e a suspensão das atividades de quatro empresas. Um dos investigados deverá usar tornozeleira eletrônica.
No cumprimento das diligências, a PF apreendeu R$ 881 mil em moedas nacionais e estrangeiras, 31 veículos, 88 peças de joias e sete relógios Rolex. Apesar de a corporação não divulgar oficialmente os nomes dos investigados, parte deles foi revelada pelo jornalista Fabio Serapião, do portal Metrópoles.
De acordo com a publicação, estão entre os citados Celso da Silva Mascarenhas, diretor da Polícia Científica; Denis Figueiredo da Silva, perito da Polícia Científica; Edilvandro Augusto de Almeida Pereira, servidor do Detran/PA; Renata Mirella Freitas, diretora do Detran/PA; Fabrício Buarque Correa, chefe de gabinete da presidência da Alepa; e Sandro Rogério Nogueira Sousa Matos, servidor da Alepa. Também foram mencionados a secretária de Educação de Marituba, Ana Claudia Duarte Lopes, além de Alberto Furtado Pinheiro, Alex Jordan Santos da Cunha e Jacélio Faria da Igreja.
Cinco dos investigados estão presos preventivamente, e a Justiça determinou a suspensão, por tempo indeterminado, dos contratos firmados pelas empresas investigadas com órgãos do Governo do Pará e da Prefeitura de Marituba.
A CENARIUM procurou os órgãos mencionados na reportagem. A Alepa confirmou que agentes da PF estiveram no prédio-sede nesta terça-feira para cumprir mandados contra dois servidores, mas classificou o caso como “fato isolado que não se refere à Alepa”. Em nota, a instituição informou, ainda, que as investigações correm em segredo de justiça e que o expediente segue normal. Já a Polícia Científica do Pará (PCEPA) e o Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran-PA) declararam que não têm conhecimento do conteúdo da investigação.
A Prefeitura de Marituba informou, em comunicado, que a “secretaria de Educação de Marituba está colaborando plenamente com as investigações e fornecendo todas as informações solicitadas para o esclarecimento dos fatos” e reafirmou o compromisso “com a transparência e a legalidade em todos os seus atos administrativos”.