PIB deve crescer menos de 1% em 2022, mas terá impulso do agronegócio, diz FGV

A projeção para o setor que emprega 10% dos trabalhadores brasileiros é resultado da melhora no cenário da pior crise hídrica e energética dos últimos 91 anos (Reprodução/Governo de Rondônia)

Iury Lima — Da Revista Cenarium

VILHENA (RO) — Novo Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia, publicado por meio da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), nessa terça-feira, 4, aponta que o Produto Interno Bruto do País (PIB) deve crescer apenas 0,7% em 2022. O documento destaca que o setor da Indústria, que cresceu 4,2% em 2021, terá retração de 1,1% neste ano. Também em queda está a Construção Civil, sem estimativa de crescimento até dezembro. Por outro lado, o Agronegócio, com aumento previsto de 5% na produtividade, deve se tornar o motor da economia.

A projeção para o setor que emprega 10% dos trabalhadores, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), será resultado da melhora no cenário da pior crise hídrica e energética dos últimos 91 anos, que atingiu o Brasil em 2021.

Retração

Segundo o levantamento da FGV, o principal motivo para a queda do PIB e retração nos setores que registraram crescimento há um ano é a Covid-19, justificando que a pandemia mais severa dos últimos tempos interrompeu a cadeia produtiva e gerou falta de matérias-primas. 

Veja a variação do PIB entre 2021 e 2022

Setores de Indústria e Construção Civil despencam, enquanto agropecuária se torna principal engrenagem do PIB, em 2022 (Reprodução/FGV Ibre)

Agro em alta

Com exportação recorde de 86 milhões de toneladas no ano passado, a soja é o principal produto do agronegócio brasileiro, tendo sido pouco afetada pela crise hídrica, uma vez que a falta de chuvas se intensificou no segundo semestre, quando a cultura já estava sendo colhida. Além disso, a agropecuária é responsável, em média, por 20% do PIB todo ano. Por isso, o crescimento vem em boa hora, visto que, em 2021, o setor teve leve queda ao longo de 2021. 

Rico em produção de café, criação de gado de leite e para o abate, além da soja, o Estado de Rondônia, na Amazônia Legal, deve ter boa participação no PIB deste ano, de acordo com a avaliação do secretário de Estado da Agricultura, Evandro Padovani. “Rondônia está em franco desenvolvimento, principalmente na área da mecanização agrícola. Nós temos 8 milhões de hectares ocupados pela agropecuária, e, dentro disso, em torno de 700 mil hectares de produção de grãos. A principal produção é a soja; em segundo vem o milho, além do café e do algodão, que vêm se destacando bastante na região do Cone-Sul [onde está o município de Vilhena]”, detalhou em entrevista à CENARIUM

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O secretário de Estado da Agricultura de Rondônia, Evandro Padovani (Reprodução/Governo de Rondônia)

O secretário destaca, ainda, o salto no Valor Bruto de Produção (VLP) no setor agrícola rondoniense nos últimos dois anos. Em 2019, tudo o que foi produzido rendeu R$ 9,8 bilhões, enquanto que, em 2021, foram R$ 19,8 bilhões. “Então, tem um acréscimo considerável. O Estado de Rondônia está preparado, com várias cadeias produtivas, para conquistar mais mercados internacionais”, acrescentou Padovani.

Expectativas de recordes em 2022

Dono do sexto maior rebanho bovino do Brasil, com mais de 15 milhões de cabeças, Rondônia realiza, por ano, cerca 2,6 milhões de abates para a comercialização da carne, sendo o quarto maior exportador do produto desossado no País. Com ótima produção, também nas lavouras, Evandro Padovani projeta expectativas audaciosas, porém, segundo ele, alcançáveis, em 2022. 

“O Estado deve ultrapassar, na safra 2021/2022, 500 mil hectares na área de produção de soja. Será mais um recorde para Rondônia. Nós teremos municípios mais ao Norte do Estado, no futuro, sendo os maiores produtores, sem dúvidas. Lembrando que Vilhena, ao Sul rondoniense, ainda é o município que se destaca em produtividade, também a nível nacional. Todo ano a gente está disputando com o Estado do Paraná em produtividade nas commodities da soja”, explicou o secretário.

Rondônia tem o sexto maior rebanho bovino do Brasil, com mais de 15 milhões de cabeças (Reprodução/Governo de Rondônia)

Além disso, 25 dos 52 municípios já contam com Selo de Identificação Geográfica (IG) para o Café Robusta Amazônico, produzido numa região conhecida como Matas de Rondônia, que em 2021 englobava apenas 15 cidades. “Estamos ganhando o mercado internacional, principalmente os mercados norte-americano e o chinês. Além disso, temos a carne, sendo que nós recebemos no ano passado, o status nacional de área livre da febre aftosa sem vacinação e, em 2021, conquistamos o certificado internacional. Além dos 50 países para os quais Rondônia já exporta carne, nós estamos de olho no mercado europeu e, com esse certificado, com certeza, nós vamos iniciar 2022 já atendendo a esse mercado que é muito grande”, avaliou. 

Para Padovani, Rondônia é o Estado que mais cresce e se desenvolve no Brasil. “É um Estado que vem, ao longo dos anos, crescendo significativamente em produção e melhorando as certificações de qualidade dos seus produtos. Aqui, nós temos o peixe, o leite, o café, o cacau, a soja, o milho e tantos outros, numa enorme diversificação. É uma força muito grande que Rondônia tem no campo. São milhares e milhares de famílias que estão fazendo toda essa produção florescer com o uso de tecnologias de última geração”, concluiu o secretário de agricultura. 

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