‘PL da Morte’: professores entram em greve contra mudanças na Previdência propostas pelo prefeito de Manaus


Por: Marcela Leiros*

13 de novembro de 2025
‘PL da Morte’: professores entram em greve contra mudanças na Previdência propostas pelo prefeito de Manaus
Servidor municipal durante protesto em frente a CMM (Foto: imagem cedida à Cenarium)

MANAUS (AM) – Professores da rede municipal de ensino de Manaus (AM) deflagraram greve nesta quinta-feira, 13, em protesto contra a Reforma da Previdência, aprovada em primeira votação na Câmara Municipal da cidade, e que muda as regras de aposentadoria dos servidores públicos da capital. O projeto é de autoria do prefeito David Almeida (Avante).

Os servidores se reuniram em frente à Casa Legislativa, na parte da manhã e início da tarde, em protesto contra o Projeto de Emenda à Lei Orgânica do Município (Loman) 010/2025 e o Projeto de Lei Complementar nº 08/2025, chamados de “PL da Morte”, com cartazes “Situação grave, solução greve” e “Diga não à morte precoce dos professores”.

Proposta altera aposentadoria de servidores (Foto: imagem cedida à Cenarium)

A greve foi aprovada na sexta-feira, 7, em assembleia realizada pelo Sindicato de Professores e Pedagogos de Manaus (Asprom Sindical). Os servidores da Secretaria Municipal de Educação (Semed) decidiram entrar em greve por tempo indeterminado em reação à aprovação da proposta na CMM.

Manifestação em frente à CMM (Foto: imagem cedida à Cenarium)

À CENARIUM, o professor Lambert Melo, diretor jurídico do Asprom Sindical, explicou que o objetivo da paralisação é pressionar pelo arquivamento do projeto da Reforma da Previdência do Manaus Previdência, em tramitação na Câmara Municipal.

Queremos que o prefeito retire o projeto de tramitação ou que os vereadores arquivem, porque é um projeto muito ruim, extremamente nefasto para os servidores. A greve é por tempo indeterminado e só será encerrada quando o prefeito atender o nosso pedido, que é o arquivamento do ‘projeto da morte’”, afirmou Melo.

A proposta

Projeto de Emenda à Lei Orgânica do Município (Loman) nº 010/2025 e o Projeto de Lei Complementar nº 08/2025 alteram regras centrais da aposentadoria dos servidores públicos. O texto, que ainda precisa ser apreciado pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) antes da segunda votação em plenário, endurece critérios de acesso ao benefício e muda o cálculo dos proventos, o que, segundo a categoria, resultará em perdas significativas para os trabalhadores.

Pelo projeto, a idade mínima para aposentadoria sobe de 55 para 62 anos no caso das mulheres e de 60 para 65 anos para os homens. O tempo mínimo de contribuição exigido passa a ser de 25 anos, e as aposentadorias deixam de ser calculadas com base no último salário, sendo definidas pela média de todas as contribuições.

Professor protesta contra Reforma da Previdência de David Almeida em Manaus (Ricardo Oliveira/CENARIUM)

A mudança reduz o valor final recebido e limita a integralidade e paridade apenas a quem ingressou no serviço público antes de 2003. As pensões por morte também serão menores: passam de 100% do benefício para 60% mais 10% por dependente, até o limite de 100%.

Para novos servidores, a proposta cria a previdência complementar, restringindo os benefícios ao teto do INSS (R$ 7.786,02 em 2025). Quem quiser receber acima desse valor deverá contribuir para um fundo complementar a ser criado pela prefeitura.

Prefeitura de Manaus defende que a reforma segue a Emenda Constitucional nº 103/2019, que obriga estados e municípios a adequarem seus regimes próprios de previdência. O Executivo afirma que as mudanças são necessárias para garantir a sustentabilidade financeira do sistema previdenciário municipal.

Aprovação na Câmara

A Reforma da Previdência dos servidores públicos municipais foi aprovada em primeira votação na Câmara Municipal de Manaus (CMM), no último dia 5. A sessão foi marcada por pressão direta dos trabalhadores, que lotaram as galerias da Câmara com faixas, cartazes e gritos de ordem.

Dos 40 vereadores presentes, 10 votaram contra a reforma: Zé Ricardo (PT), Rodrigo Guedes (Progressistas), Capitão Carpê (PL), Salazar (PL), Thaysa Lippy (Progressistas), Coronel Rosses (PL), Amauri Gomes (União Brasil), Raiff Mattos (PL), Ivo Neto (PMB) e Aldenor Lima (União Brasil). Todos os demais parlamentares presentes votaram a favor, enquanto Rosinaldo Bual (PMN) estava ausente devido à prisão.

Presidente da CMM, David Reis na votação da Reforma da Previdência (Reprodução/ YouTube CMM)
Leia também: Entenda Reforma da Previdência em Manaus que pode atingir 35 mil servidores

Veja os vereadores que votaram a favor:

  • Allan Campelo (Podemos);
  • Carlos Pai Amado (Avante);
  • Diego Afonso (União Brasil);
  • Dione Carvalho (Agir);
  • Eduardo Assis (Avante);
  • Eduardo Alfaia (Avante);
  • Elan Alencar (DC);
  • Eurico Tavares (PSD);
  • Everton Assis (União Brasil);
  • Gilmar Nascimento (Avante);
  • Jaildo Oliveira (Partido Verde);
  • Jander Lobato (PSD);
  • João Carlos (Republicanos);
  • João Paulo “Janjão” (Agir);
  • Joelson Silva (Avante);
  • Kennedy Marques (MDB);
  • Marcelo Serafim (PSB);
  • Marco Castilhos (União Brasil);
  • Mitoso (MDB);
  • Paulo Tyrone (PMB);
  • Prof. Samuel (PSD);
  • Raulzinho (MDB);
  • Roberto Sabino (Republicanos);
  • Rodinei Ramos (Avante);
  • Rodrigo Sá (Progressistas);
  • Rosivaldo Cordovil (PSDB);
  • Saimon Bessa (União Brasil);
  • Sérgio Baré (PRD);
  • Yomara Lins (Podemos);
  • David Reis (Avante) – presidente da CMM, votou para desempatar).

(*) Matéria em atualização

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