PM-AM vai investigar policial acusado de atirar contra entregadoras
Por: Ana Pastana
10 de dezembro de 2024
MANAUS (AM) – A Polícia Militar do Amazonas (PM-AM) afirmou, nesta terça-feira, 10, que vai apurar a conduta do cabo Marcelo Jean Ramos Lins, suspeito de atirar contra um casal de entregadoras de uma hamburgueria na noite do dia 28 de novembro deste ano, na avenida Constantino Nery, na Zona Centro-Sul de Manaus.
De acordo com o Boletim de Ocorrência (BO), ao qual a CENARIUM teve acesso, a confusão iniciou com um desentendimento no trânsito. Samella Prata, de 28 anos, e Rafaela Azevedo, de 25 anos, estacionaram a motocicleta em frente a um condomínio na Zona Oeste da capital amazonense e, enquanto aguardavam o despacho do pedido, o policial militar, que estava à paisana, deu ré em um carro modelo Gol e colidiu contra o veículo do casal. Após reclamarem sobre o ocorrido, Rafaela chegou a “dar um tapa no retrovisor” do carro e, depois, seguiu viagem.
“[…] Logo em seguida, a depoente e sua esposa foram embora, pois tinham outras entregas para fazer; QUE em questão de 4 minutos depois, quando a depoente estava trafegando pela Av. Constantivo Nery, se deparou com os autores lhe seguindo […]”, relata Samella no BO. “[…] o mesmo [denunciado] mandou a depoente encostar apontando uma arma de fogo […] nem deu tempo de encostar e o autor, identificado como MARCELO JEAN RAMOS LINS, efetuou um disparo em direção à moto”, conta a entregadora.

Após o disparo, Samella diz que ficou com um zumbido causado pelo barulho do tiro e perdeu o controle da motocicleta, vindo a cair próximo a uma calçada. Ela quebrou o braço esquerdo e teve escoriações por todo o corpo. Fotos enviadas à reportagem mostram a denunciante com o quadril, rosto e membros inferiores machucados.

Vídeos feitos por testemunhas exibem o momento em que Marcelo Jean confirma ter atirado contra as mulheres e rebate quando uma delas diz que vai chamar a polícia. “A polícia sou eu”, afirma o militar, que está em pé enquanto Samella aparece sentada no chão. No mesmo momento, Rafaela aparece com a bolsa de entregas nas costas. Assista a seguir.
Ainda no relato à Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), feito no 22º Distrito Integrado de Polícia (DIP), o nome de Sebastião Oliveira da Silva Filho é citado condutor do carro em que o cabo da polícia militar estava. A PM-AM não confirmou se ele também pertence à coorporação.
O caso foi registrado como “lesão corporal dolosa”, crime previsto no artigo 129 do Código Penal Brasileiro (CPB).

Mulheres apontam preconceito
No registro policial, Samella Prata suspeita que o episódio tomou maior proporção por ela e Rafela Azevedo serem um casal LGBTQIAPN+ (sigla para Lésbicas, Gays, Bi, Trans, Queer/Questionando, Intersexo, Assexuais/Arromânticas/Agênero, Pan/Poli, Não-binárias e mais).
“[…] O autor só estava partindo pra cima da depoente porque ela é uma mulher com características de homem, cabelo curto, tatuagem e etc. QUE a depoente acha que pdoe ser preconceito por parte do autor porque a depoente e RAFAELA são um casal LGBT”, diz o BO.

A CENARIUM tenta contato com o policial militar Marcelo Jean para atualizar o texto com a versão apresentada por ele.
Leia nota da PM-AM na íntegra:
A Polícia Militar do Amazonas (PMAM) informa que tomou conhecimento do caso e vai abrir um procedimento administrativo para apurar a conduta do policial militar.
A instituição ressalta que preza pela prestação de serviço à sociedade, baseado no respeito e cumprimento das leis e reforça que não compactua com condutas que não estejam alinhadas a esses princípios.