PMs entram armados em escola de São Paulo após pai reclamar de atividade sobre orixá


Por: Marcela Leiros*

17 de novembro de 2025
PMs entram armados em escola de São Paulo após pai reclamar de atividade sobre orixá
Caso ocorreu na Escola Municipal de Ensino Infantil (Emei) Antônio Bento, no Caxingui (Fotos: Reprodução/Google Maps; Reprodução/Metrópoles | Composição: Klinton Gean/Cenarium)

MANAUS (AM) – Quatro policiais militares de São Paulo entraram armados — um deles com metralhadora — na Escola Municipal de Ensino Infantil (Emei) Antônio Bento, no Caxingui, Zona Oeste da capital paulista, após o pai de uma aluna de quatro anos se incomodar com o conteúdo de uma atividade sobre orixás.

A Polícia Militar (PM) foi acionada por um homem após ele se deparar com um desenho da orixá Iansã feito pela filha durante uma atividade escolar. Segundo informações, no dia anterior, 11 de novembro, ele já havia reagido negativamente ao conteúdo, que faz parte do currículo antirracista da rede municipal, e, segundo a mãe de um aluno, chegou a arrancar um mural com produções das crianças que estava exposto na unidade.

A atividade que gerou a reação do pai foi realizada a partir do livro infantil “Ciranda em Aruanda“. O título, de autoria de Liu Olivina, apresenta dez orixás por meio de ilustrações e pequenos textos que descrevem características das divindades. Oxóssi, por exemplo, é identificado como “o grande guardião da floresta”.

Diante do episódio, a direção da escola convidou o pai a participar da reunião do Conselho da Escola, marcada para quarta-feira, 12, às 15h. Ele não apareceu e decidiu chamar a PM.

Os policiais chegaram à unidade por volta das 16h. Eles disseram à direção que o conteúdo poderia ser interpretado como “ensino religioso” e alegaram que a criança foi sido exposta a elementos de uma crença diferente da de sua família. A postura dos agentes foi vista como agressiva por quem estava no local.

Uma mãe, que pediu para não ser identificada, afirmou que houve “abuso de poder”, assustando funcionários e alunos. A diretora da escola, segundo ela, passou mal e precisou ser retirada da área. Os PMs permaneceram por pouco mais de uma hora e saíram após a intervenção de um grupo de pais. A ocorrência foi registrada por câmera corporal e pelo sistema de segurança da escola.

Nota da SSP

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que os policiais conversaram com o pai da aluna e com a diretora. A pasta disse ainda que ambos foram orientados a registrar boletim de ocorrência, caso julgassem necessário.

A SSP destacou que a Corregedoria da PM está disponível para investigar possíveis denúncias e acrescentou que o porte de armamento, incluindo a metralhadora, faz parte do Equipamento de Proteção Individual (EPI) usado pelos agentes durante o expediente.

Posição da Prefeitura

A Secretaria Municipal de Educação (SME) afirmou ter esclarecido ao pai que o desenho da filha integra uma produção coletiva da turma. A gestão municipal reforçou que a atividade segue as orientações pedagógicas da rede, que preveem o ensino da história e da cultura afro-brasileira e indígena conforme o Currículo da Cidade de São Paulo.

Proposta pedagógica

A Emei destacou que a proposta está amparada pelas leis nº 10.639/03 e nº 11.645/08, que determinam o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas brasileiras. A direção afirma que não houve caráter doutrinário: as crianças apenas ouviram a leitura da obra e, na sequência, fizeram desenhos.

O livro recebeu o selo Altamente Recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e integra, desde 2021, o Acervo Informativo de Qualidade da Cátedra da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) de Leitura da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

(*) Com informações do Metrópoles

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