Poeta da Floresta

O mundo, o Brasil, o Amazonas e Barreirinha perderam seu poeta Thiago de Mello e eu perdi um amigo que era pura inspiração. Thiago marcou a minha vida ao ponto de num dia difícil de provações eu decidir tatuar nas costas seu poema A Janela Encantada – é também nome do meu blog de escritos ajanelaencantada.com.br.

“A vida sempre foi boa comigo. Quando soube que o meu coração estava carregado de sombras e que ele só se alimenta de luz, abriu uma janela no meu peito para que por ela possam entrar o resplendor do orvalho o fulgor das estrelas e o invisível arco-íris do amor”.

Jamais esquecerei também o Thiago contando que certa vez descia a Eduardo Ribeiro com seu pai e ele, ao cumprimentar uma senhora, o fez com a deferência de retirar a cartola da cabeça. Surpreso, Thiago perguntou o porquê de um gesto de tanta deferência com aquela senhora e seu pai de pronto respondeu:

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“Filho, ela é uma professora. Seu nome é Esperança”.

Sua vasta e atualíssima obra coloca toda a eloquência de sua poesia à serviço da defesa da Amazônia e da democracia. Compôs verdadeiros manifestos de resistência à repressão imposta pela ditadura militar. Fato este que lhe rendeu um exílio no Chile, período em que solidificou uma longa e profunda amizade com o chileno Pablo Neruda, de quem chegou a ser tradutor.

“Os Estatutos do Homem”, seu mais conhecido poema, escrito na sequência do golpe de 1964, foi então traduzido para mais de 30 línguas.

Descanse em paz, amigo. Sua vida está eternizada na sua poesia!

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(*)Marcelo Ramos é advogado, professor de Direito Constitucional e vice-presidente da Câmara Federal.

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