Polícia do Amazonas conclui ‘Caso Fernando’ e aponta homofobia como motivação do crime


Por: Ana Pastana

16 de julho de 2025
Polícia do Amazonas conclui ‘Caso Fernando’ e aponta homofobia como motivação do crime
Fernando Vilaça e Guilherme Torres (Fotos: Reprodução/Arquivo pessoal; Erik Oliveira/Cenarium | Composição: Paulo Dutra/Cenarium)

MANAUS (AM) – O delegado-geral adjunto da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), Guilherme Torres, afirmou nesta quarta-feira, 16, que as investigações sobre a morte do adolescente Fernando Vilaça, 17 anos, foram concluídas e que a motivação do crime foi homofobia. O caso resultou na apreensão de dois adolescentes suspeitos de envolvimento no crime. Após a conclusão, o inquérito será encaminhado à Justiça.

Fernando Vilaça foi agredido no dia 2 de junho, na Rua Três Poderes, bairro Gilberto Mestrinho, Zona Leste de Manaus (AM). Vídeos compartilhados nas redes sociais mostraram os suspeitos fugindo do local após a agressão. O adolescente foi levado a uma unidade de saúde do Estado. Ele morreu no dia 5 de junho, no Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio, na capital amazonense.

O jovem Fernando Vilaça (Ricardo Oliveira/Cenarium)

Em coletiva de imprensa na sede da Delegacia Geral da Polícia Civil do Amazonas (DG PC-AM), no bairro Chapada, na Zona Centro-Sul de Manaus, Guilherme Torres confirmou que as investigações apontaram que a vítima foi alvo de injúrias preconceituosas. Cansado, Fernando Vilaça procurou os suspeitos para questioná-los sobre a motivação das ofensas, quando foi agredido.

Nas investigações se apura que a vítima foi alvo de varias injúrias preconceituosas com relação à sua possível opção sexual, não obstante a família, nem a própria vítima, nunca terem falado dessa questão. A polícia confirma, apesar de que eles [suspeitos] negam, falando que não conheciam a vítima e que nunca tinham feito nenhum tipo de injúria, mas tem a outra versão. Foi tudo encaminhado para a Justiça e a Justiça vai decidir qual decisão vai acatar“, disse.

Nessa terça-feira, 15, a PC-AM apreendeu o segundo adolescente, de 17 anos, que não teve a identidade revelada, suspeito de participação na agressão contra Fernando. O primeiro suspeito, de 16 anos de idade, já havia sido apreendido no último dia 9.

De acordo com a Delegacia Especializada em Apuração de Atos Infracionais (Deaai), os dois suspeitos são primos e já tinham histórico de comportamento agressivo. O mais velho, segundo a polícia, havia sido expulso da escola onde Fernando estudava, por má conduta.

O advogado da família de Fernando Vilaça, Alexandre Torres, usou o perfil do Instagram para comunicar a apreensão do adolescente. “O segundo menor envolvido no caso do Fernando Vilaça, aquele que tirou a vida dele, já foi devidamente apreendido pela Polícia Civil do Amazonas. As investigações seguem agora no seu devido caminho normal, de maneira célere, e já caminham para o seu final“, disse.

Alexandre também confirmou a versão da polícia sobre a motivação do crime. “A Polícia Civil do Amazonas cumpre o mandado de apreensão do segundo envolvido no assassinato de Fernando Vilaça da Silva, que foi brutalmente assassinado por motivação homofóbica. Esta defesa segue incansavelmente propondo diligências nas investigações para que os fatos sejam inteiramente elucidados e que esses agressores sejam mantidos sob custódia“, escreveu.

Advogado da família de Fernando Vilaça se manifestou em rede social (Reprodução/Instagram @alexandretorresjr)
Relembre o caso

O relatório preliminar do Instituto Médico Legal (IML) do Amazonas apontou que as causas da morte do adolescente Fernando Vilaça foram edema cerebral, traumatismo craniano, hemorragia intracraniana e ação contundente.

Abalada, sem conseguir dormir e convivendo com a incerteza de um dia superar a perda de um dos seis filhos, a mãe do estudante afirmou à CENARIUM, na época, que os dias eram de profunda dor.

Não foi fácil, nem sei dizer se eu vou superar, chegar aqui em casa e meu filho não ‘tá’ aqui. E outra coisa, meus filhos todos reunidos, cadê o outro? É difícil, meu filho que criei com tanto carinho, proteção e cuidado. Eu não quero mais ficar aqui, o sofá me lembra ele, ele ficava fazendo a tarefa dele aqui”, declarou.

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Defesa

À CENARIUM, a advogada Nildy Machado, que faz parte da defesa do adolescente de 17 anos, afirmou que foi determinada a internação provisória dos menores, pelo prazo legal de até 45 dias, conforme previsto no artigo 108 no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90). No presente momento, não foi possível a concessão de medida menos gravosa.

Ressalto, contudo, que todas as diligências estão sendo realizadas com o devido respeito ao contraditório e à ampla defesa, certa de que a verdade será plenamente esclarecida e a justiça, devidamente realizada“, afirmou a advogada.

A CENARIUM tenta contato com a defesa do adolescente de 16 anos.

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