Polícia faz operação em endereços ligados ao vereador Gabriel Monteiro, do Rio de Janeiro

Vereador é investigado pelo crime de disponibilizar registros que contenham cenas de sexo explícito ou pornografia envolvendo criança ou adolescente (Reprodução/TV Globo)

Com informações do InfoGlobo

RIO — A Polícia Civil do Rio cumpre, na manhã desta quinta-feira, 7, mandados de busca e apreensão contra sete pessoas, entre elas o vereador Gabriel Monteiro (PL). Além da casa e do gabinete do parlamentar na Câmara de Vereadores do Rio, agentes da 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes) e de outras delegacias distritais seguem para outros nove endereços de assessores, ex-assessores e até um empresário ligados a ele. Gabriel é investigado pelo crime de disponibilizar registros que contenham cenas de sexo explícito ou pornografia envolvendo criança ou adolescente. O parlamentar está em casa e acompanha as buscas.

Na decisão do juiz Guilherme Grandmasson Ferreira Chaves, do plantão judicial, autoriza, a pedido do delegado Luís Armond, titular da 42ª DP, a apreensão de material e outros objetos que possa conter relação com a prática desse tipo de crime, como laptops, computadores, tablets, celulares, kindles, smartphones, mídias externas e portáteis, como HDs, pendrives, CDs e DVDs.

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Policiais durante operação de busca e apreensão na investigação do caso do vereador Gabriel Monteiro na Câmara dos Vereadores do Rio Foto: Fabiano Rocha/ Agência O Globo
Policiais durante operação de busca e apreensão na investigação do caso do vereador Gabriel Monteiro na Câmara dos Vereadores do Rio Foto: Fabiano Rocha/ Agência O Globo

Entre os endereços para cumprimento dos mandados, estão as residências dos funcionários e ex-funcionários Heitor Monteiro de Nazaré Neto, Matheus Souza de Oliveira, Fábio Neder Fernandes Di Leta, Vinícius Hayden Witeze, Rick Mamede Dantas e do empresário Rafael Sorrilha. Por volta das 6h20, equipes da Polícia Civil chegaram na casa do vereador, onde ficaram por pouco mais de uma hora e levaram documentos e HDs. Pouco antes das 7h, agentes também chegaram na Câmara do Rio, onde o gabinete de Monteiro é o alvo.

A decisão judicial autoriza também a quebra de sigilo telefônico e informático de todo o conteúdo apreendido ou qualquer outro objeto que tenha conexão com o crime praticado, considerados pela polícia fundamentais para as investigações. O documento ainda permite a quebra de sigilo de mensagens em aplicativos de bate-papo, ligações, todas as fotos e todos os arquivos de vídeo compartilhados.

O GLOBO tenta contato com a defesa do vereador Gabriel Monteiro. A Câmara de Vereadores do Rio também foi procurada. No entanto, ainda não se posicionou.

No dia 28 de março, Gabriel procurou a 42ª DP para registrar o vazamento de imagens íntimas em que aparece mantendo relações sexuais com uma adolescente de 15 anos. Na ocasião, ele afirmou manter um relacionamento consentido com a menina e desconhecer sua idade, o que foi confirmado por ela. O vereador disse ainda ter sentido falta de cinco HDs externos e quatro cartões de memória, deduzindo ter sido traído pelos funcionários Matheus de Souza Oliveira e Heitor de Nazaré Neto, por envolvimento deles com o empresário Rafael Sorrilha, que seria ligado a chamada “máfia dos reboques”, que vinha sendo denunciada pelo parlamentar.

Na delegacia, Gabriel contou ainda ter tido ficado sabendo do vazamento de outros vídeos particulares divulgados e compartilhados pelo aplicativo WhatsApp, os quais estariam armazenados em seu celular, cuja senha era de conhecimento daqueles ex-funcionários.

Agentes da Polícia Civil chegaram na Câmara dos Vereadores pouco antes das 7h para o gabinete de Gabriel Monteiro Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Agentes da Polícia Civil chegaram na Câmara dos Vereadores pouco antes das 7h para o gabinete de Gabriel Monteiro Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

Uma semana depois, seis assessores e ex-assessores da Câmara ouvidos na delegacia narraram uma rotina de trabalho desgastante e humilhante para gravação de vídeos diários para as redes sociais, além de orgias filmadas com menores na casa do parlamentar. Na delegacia, diferente do que fora narrado por Gabriel, os funcionários afirmaram que ele tinha conhecimento que as meninas eram menores de idade, inclusive recebia uma delas de uniforme de colégio e a chamava de “novinha” e “bebê”.

Em depoimento na distrital, Fábio Neder Fernandes Di Leta, que trabalhou como auxiliar de gabinete de Gabriel por aproximadamente dez meses, contou que a residência do vereador no condomínio Mansões, na Barra da Tijuca, é tida como o QG, onde todos os funcionários trabalham em publicações para os canais dele no Tiktok, YouTube, Twitter, Instagram e Facebook. Ele contou que ficava todos os dias no local e, nos fins de semana, passava as madrugadas em “noitadas” com o vereador até 6h, 7h e que outros funcionários chegavam a dormir na residência.

Fábio relatou também que Gabriel tinha o costume de se relacionar com garotas de até 18 anos na frente de outras pessoas e conheceu a adolescente que aparece nos vídeos vazados na casa do vereador, onde ela costuma frequentar com o conhecimento da mãe. Ele reiterou que o parlamentar e todos os funcionários sabiam que a menina era menor de idade e os dois chegavam a se relacionar com outras garotas, algumas delas também menores. O auxiliar contou ainda ter, em uma ocasião, levado uma caixa de pílula do dia seguinte na residência dela.

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