Polícia Federal conclui investigação e indicia Bolsonaro, Carlos, Ramagem e mais de 30 por espionagem
Por: Ana Pastana
17 de junho de 2025
MANAUS (AM) – A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) e o vereador e filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro, após concluir o inquérito que investigava o uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar adversários políticos, jornalistas, disseminar informações falsas sobre o sistema eleitoral e atrapalhar as investigações em cursos do Supremo Tribunal Federal (STF).
Além do trio, o relatório da PF que ainda é sigiloso aponta outros 27 indiciados. Na lista estão nomes que ocupam cargos atuais na Abin como o diretor-geral da Abin Luiz Fernando Corrêa, o chefe de gabinete Luiz Carlos Nóbrega e o corregedor-geral José Fernando Chuy. Todos são delegados de carreira da Polícia Federal e nomeados ao cargo no governo Lula.
De acordo com a PF, a estrutura da “Abin paralela” produziu o dossiê de forma ilegal e atuou para disseminar notícias falsas sobre pessoas da cúpula do Judiciário e do Legislativo. Além disso, milhares de pessoas também foram monitoradas de forma clandestina assim como autoridades da cúpula dos três poderes que, por meio de dados coletados de aparelhos celulares, era possível identificar o último local frequentado pela pessoa monitorada.
O deputado Ramagem e o ex-presidente Bolsonaro negaram a existência da estrutura paralela na agência. Mas, segundo os investigadores da PF, a estrutura funcionou sob a gestão de Ramagem por ordem de Bolsonaro.
As investigações apontam ações contra o presidente do STF, Luís Roberto Barros, contra os ministros Alexandre de Moraes, Luiz Fux e Dias Toffoli. Contra o ex-presidente da Câmara dos deputados, Arthur Lira (PP-AL) e o ex-chefe da Casa Rodrigo Maia. O ex-governador de São Paulo João Doria também foi alvo dos investigados.
A Polícia Federal diz que uma parte da agência, sob o comando de Ramagem, foi usada de forma indevida para ajudar Bolsonaro a continuar como presidente. Ainda de acordo com a PF, Ramagem orientou o presidente a atacar a credibilidade das urnas e adotar uma estratégia para ir contra o sistema. As afirmações surgiram após as investigações encontrarem arquivos de e-mail de Remagem.
Outro indiciamento
Em novembro de 2024, a PF concluiu o inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado após a vitória nas urnas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. De acordo com a PF, foram indiciados o ex-presidente da república Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
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No último dia 9 deste mês, o STF interrogou os réus do Núcleo 1 da trama golpista ocorrida durante o governo de Jair Bolsonaro.
O interrogatório dos réus é uma das últimas fases da ação penal. A expectativa é de que o julgamento que vai decidir pela condenação ou absolvição do ex-presidente e dos demais réus ocorra no segundo semestre deste ano.
Em caso de condenação, as penas passam de 30 anos de prisão.