‘Por motivos técnicos’, diz médica Ludhmila Hajjar ao não aceitar Ministério da Saúde de Bolsonaro

A médica teve reunião com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e, em seguida, disse em entrevista à CNN que não irá comandar o ministério “por motivos técnicos” (Sérgio Lima/Poder360)

Com informações do Poder360

BRASÍLIA – Apesar de ser quase uma unanimidade entre políticos do alto escalão do Congresso e outras autoridades, a médica cardiologista Ludhmila Hajjar não irá assumir o Ministério da Saúde.

Ludhmila está em Brasília nesta segunda-feira, 15. A médica teve reunião com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e, em seguida, disse em entrevista à CNN que não irá comandar o ministério “por motivos técnicos”.

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A cardiologista e Bolsonaro tiveram encontro ontem, 14, à tarde, no Alvorada – onde também estavam o atual ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente.

Sem sintonia

Não houve muita sintonia na reunião de domingo. Bolsonaro defendeu sua política contra a Covid-19, falou do uso de cloroquina e dos exageros que vê em medidas restritivas à circulação de pessoas em locais mais afetados pela doença. Não é o que defende a médica.

A recusa é uma derrota mais direta para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que se empenhou pessoalmente e em público (escreveu a respeito em se perfil no Twitter). Esse é o 1º grande pedido de Lira a Bolsonaro depois que assumiu o comando da Casa dos deputados. Por ser um revés muito explícito, não se sabe qual será a consequência.

Também atuaram a favor de Ludhmila o procurador-geral da República, Augusto Aras, e os ministros do STF, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Os três, assim como Arthur Lira, já foram atendidos pela cardiologista.

Competência

Lira se diz muito grato a Ludhmila a quem atribui muita competência no seu tratamento de Covid. O presidente da Câmara fez um elogio público à médica em entrevista ao portal Poder360.

Com a não nomeação de Ludhmila Hajjar, de uma vez, Bolsonaro se indispôs com o chefe de uma das Casas do Legislativo, com o titular da PGR e com dois ministros do STF.

Aumenta entre as autoridades em Brasília, fora do Poder Executivo, a pressão para que o governo federal mude seu tom e abordagem a respeito de como conduzir as políticas públicas para debelar a pandemia do novo coronavírus.

Resistente

Bolsonaro se mostrou muito resistente a uma mudança, apesar de sinais ambíguos nos últimos dias. Por exemplo, logo depois de Luiz Inácio Lula da Silva recobrar seus direitos políticos, o presidente apareceu no Palácio do Planalto numa cerimônia usando máscara. Nos dias seguintes, voltou ao discurso anterior.

Na conversa no domingo, 14, à tarde com Ludhmila Hajjar no Palácio da Alvorada, o presidente deu a impressão de que estava recebendo a médica apenas para “cumprir tabela” e dar uma satisfação aos que a recomendaram.

Houve um certo constrangimento, pois Ludhmila foi a uma reunião para ouvir um convite para ser ministra e encontrou na mesma sala o general que poderia substituir.

Falou-se sobre uso de cloroquina, necessidade de lockdown e outros temas, segundo apurou o Poder360. Não houve muito acordo entre o que pensa Bolsonaro e a médica.

Outros nomes

Há 2 nomes cotados para o lugar de Eduardo Pazuello. Um deles é o de Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Queiroga é um bolsonarista de raiz e agrada mais aos militantes fiéis ao presidente.

Bolsonaro tem dito que prefere não escolher um político para a Saúde. Se o presidente mudar de ideia, o nome preferido pelos seus aliados no Congresso é o do deputado Dr. Luizinho (PP-RJ). O congressista é médico ortopedista com MBA executivo em saúde pela Coppead/UFRJ e pós-graduação em medicina do Esporte e do Exercício pela Unesa.

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