Por meio milhão de reais, homem cai em golpe e compra ‘lâmpada do Aladdin’ na internet


04 de novembro de 2020
De gênio na lâmpada à amigo endividado no zap, cabe tudo nas artimanhas de golpistas mundo afora (Reprodução/Internet)
De gênio na lâmpada à amigo endividado no zap, cabe tudo nas artimanhas de golpistas mundo afora (Reprodução/Internet)

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – O médico indiano Laeek Khan morador da cidade de Uttar Pradesh, comprou por R$530 mil reais, uma lâmpada do mítico gênio Aladdin, do conto das “Mil e Uma Noites”. Khan foi induzido a acreditar que no tal objeto habitava a entidade que lhe concederia três desejos. Um dos falsários chegou a se fantasiar para melhor convencer o comprador.

Ao descobrir o golpe Laeek Khan se dirigiu a uma delegacia para denunciar e fazer o registro da ocorrência. “Durante uma visita ‘Aladdin’ realmente apareceu na minha frente. Eu não sabia quem era essa pessoa naquela época. Mais tarde, percebi que o acusado estava se fantasiando de Aladdin”, contou desolado.

O caso chama atenção pelo argumento surreal dos golpistas e pela ingenuidade da vítima, mas, não são poucos os golpes que usam inclusive a tecnologia, para convencer incautos. Entre eles está “o golpe do WhatsApp”, o golpe do falso sequestro por telefone e a “premiação” da operadora de celulares Vivo.

Ganhou como cliente VIP!

O balconista Carlos Brito*, não acreditou quando recebeu em março de 2018, uma ligação da “central da vivo”, o parabenizando por ser um cliente sorteado pelo pacote de promoções da operadora. Na ligação, o “agente” da operadora o informava que ele teria direito a R$30 mil reais por ser cliente VIP da operadora.

“Fiquei em choque! Logo eu que só colocava aquela recarga de $20 mirrada”, contou Carlos. Na sequência o “agente” pediu os dados da conta bancaria. De posse dos dados, o golpe continuou. Em seguida, ele o informou que para ter direito ao “prêmio” Carlos Brito teria que correr a um caixa eletrônico o mais rápido possível.

“Disse para a pessoa que em 20 minutos eu estaria no caixa, ele desligou e voltou a me ligar no horário combinado, eu de tão eufórico, não parei para pensar”, recordou. “Na linha, pediu para eu acessar a conta e passar minha senha que iria fazer o depósito imediatamente e foi o que fiz. Em segundos vi desaparecer os R$1.500 reais que eram para pagar a parcela da minha moto”, lamentou.

Amigo do zap…

Já o funcionário público Aroldo Costa* caiu no recente golpe do “amigo do zap”. Se trata do uso do aplicativo WhatsApp, via número do telefone. O golpe usa o número do telefone de um amigo próximo que entra em contato com a vítima e diz estar em sérios apuros financeiros ou de saúde e precisa muito de um depósito ou transferência.

Na sequência, o “amigo em dificuldades” repassa à vítima, uma conta bancaria. Por se tratar de uma pessoa conhecida, a solidariedade é imediata. “Era uma pessoa que se faz passar por um grande amigo de profissão. Disse que na empresa dele houve uma ‘limpa’ e ele foi no bolo e que precisava de R$3 mil reais para segurar a barra”, narrou.

“Pensei: nossa porque o fulano não me falou isso quando o encontrei semana passada? Depois disso transferi para a conta que ele me passou que segundo ele, era a conta do primo dele, porque a conta pessoal estava suja no banco”, quando fiz a operação e mandei o comprovante, ele imediatamente me bloqueou. Liguei para esposa e perguntei por ele, ela me informou que ele estava no trabalho…”, recordou Aroldo.

Ciência explica

De acordo a psicóloga Neyla Siqueira, existe uma boa razão para esses atos serem bem sucedidos, mesmo que depois se considere fácil de evitá-los. “Esses golpes, a exemplo de vários outros, estão diretamente ligados ao instinto de ajudar, de prestar socorro, principalmente quando se trata de uma pessoa próxima”, observou.

Neyla aponta ainda outras condições para o sucesso do golpe. “As vítimas, no impulso de prestar socorro, agem instintivamente, sem ter a frieza de analisar todas as possibilidades, como uma mensagem diferente, um tom de texto que não é o usual da pessoa, ou ainda de ligar para a suposta amiga ou amigo e checar o que aconteceu”, comentou.

Para Neyla Siqueira, situações assim fazem parte da realidade social e é preciso uma certa dose de experiência ou percepção aguçada para evitar cair nessas tramas. “Isso mexe com a boa-fé. Emocionalmente falando é uma reação esperada no calor do momento, e que somente os mais antenados ou que já foram vítimas não caem”, finalizou.

*Os nomes apresentados são fictícios e foram criados a pedido das vítimas, para que não fosse identificados.

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