Por que tão poucas mulheres nos ministérios? Relatório analisa presença feminina nos cargos


29 de julho de 2024
Por que tão poucas mulheres nos ministérios? Relatório analisa presença feminina nos cargos
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciando nomes de mais 16 ministros e ministras de Estado (29.12.2022 - Foto: Ricardo Stuckert)
Da Cenarium*

MANAUS – Pelo menos 175 países apresentam desigualdade de gênero na liderança de seus ministérios, de acordo com um relatório da ONU. As mulheres são 23,3% dos ministros e cargos equivalentes ao redor do mundo.

O relatório “Women Political Leaders 2024”, de janeiro, analisou a presença feminina entre líderes de Estado (excluindo monarquias), líderes de governo, além de ministérios e secretarias equivalentes em 190 países. Faltaram informações sobre Afeganistão, Coreia do Norte e Mianmar.

“O número de mulheres em posições de liderança política cresce gradualmente, mas em um ritmo lento demais”, diz Julie Ballington, conselheira de políticas públicas da ONU Mulheres. “Ainda vamos levar décadas para atingir paridade e igualdade de gênero na política.”

Fotografia mostra ministras em pé ao redor de lula. Ao centro, ele usa uma faixa presidencial verde e amarela e um terno azul. As ministras e Janja estão vestidas de forma formal. Há uma estrutura coberta ao fundo.
Lula posa com as ministras mulheres de seu governo, acompanhado da primeira-dama, Janja, durante o desfile da Independência do Brasil na Esplanada dos Ministérios, em 2023 – Pedro Ladeira/Folhapress

Os sete países mais desiguais —sem nenhuma ministra— são Azerbaijão, Hungria, Papua Nova Guiné, Arábia Saudita, Tuvalu, Vanuatu e Iêmen.

Os ministérios da Religião e do Transporte são os que têm menos mulheres em cargos de chefia, com 5% e 7%, respectivamente. Essas pastas são seguidas pela Defesa (12%), Agricultura (13%) e Interior (13%).

Dentre as regiões com menos ministras e cargos equivalentes estão o centro e sul da Ásia (9,5%), o oeste da Ásia e norte da África (14,2%) e o leste e sudeste da Ásia (15,3%).

A desigualdade vem tanto da falta de espaço para mulheres na política quanto pela falta de atratividade do meio para elas, que não têm apoio de seus colegas homens para entrarem e se estabelecerem na área. Acabam, portanto, vítimas de discriminação em função do gênero, diz Ballington. “Os desafios políticos que as mulheres enfrentaram no início, desde a luta pelo direito ao voto, ainda estão presentes nos dias de hoje.”

O Brasil é 64º no ranking, com 29% de mulheres liderando ministérios. Questionada sobre o progresso do país, a ONU Mulheres diz que não comenta sobre a política em âmbito nacional.

Há equidade ministerial (50% mulheres e 50% homens) em sete países. E maioria de ministras em oito. Líderes do ranking de igualdade, a Finlândia, Nicarágua e Liechtenstein têm 60% ou mais ministras mulheres.

Oitenta e nove países têm ministérios da Igualdade de Gênero: 39 na África subsaariana, 19 na América Latina e no Caribe, 11 na Europa e norte da América, oito na Oceania, cinco no centro e sul da Ásia, cinco no leste e sudeste da Ásia e dois no oeste da Ásia e norte da África.

Mulheres dominam as pastas sociais, com 87% de presença em ministérios da Igualdade de Gênero, 67% em ministérios da Família e Crianças e 51% em ministérios da Inclusão Social e Desenvolvimento. Dentre as regiões menos desiguais, estão a Europa e o norte da América (32,5%), a América Latina e o Caribe (31,5%), além da África subsaariana (23,6%).

“Se existir vontade política, a situação pode melhorar muito rápido”, diz Ballington. “A esperança da ONU Mulheres é que os Estados usem seu poder para nomear mais mulheres.”

(*) Com informações da Folhapress

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