Povo Arara da Cachoeira Seca, no PA, vai a Brasília denunciar desmatamento desenfreado

Desmatamento já avança sobre a TI Cachoeira Seca, no Pará ( Instituto Maíra/Reprodução)

Cassandra Castro – Da Cenarium

BRASÍLIA (DF) – O povo Arara da Terra Indígena Cachoeira Seca pede ajuda para restabelecer a paz e ter a garantia dos seus direitos à dignidade e a terra onde vivem. A TI Cachoeira Seca abrange uma área de mais de 730 mil hectares no Pará, na região do Médio Xingu, e abriga uma das maiores biodiversidades da Amazônia. A área é a mais desmatada do Brasil e sofre consequências diretas da construção da Hidrelétrica de Belo Monte.

A ida a Brasília ocorre no âmbito da Campanha Guardiões do Iriri, que é da Associação Indígena do Povo Arara da Cachoeira Seca (Kowit) com apoio do Instituto Maíra, uma organização brasileira sem fins lucrativos, que atua desde 2017 em territórios nacionais e internacionais. O objetivo da instituição é contribuir para a emancipação de povos e comunidades tradicionais por meio do fortalecimento do princípio da autodeterminação, no qual os indígenas são, de fato, protagonistas de sua história.

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Regularização da situação territorial de Terra Indígena

O diretor do Instituto Maíra, Daniel Lopes Faggiano, participará da agenda intensa de reuniões juntamente com representantes do povo Arara. Estão programadas visitas a algumas embaixadas como as da Rússia, Canadá, Noruega, Bélgica e Japão.  Ele conta que a ideia é pedir apoio no sentido de dar visibilidade ao drama vivido tanto pelos indígenas quanto pelos não indígenas que moram na área. Apesar de ter sido homologada em 2016 pelo Governo Federal, a TI Cachoeira Seca ainda é palco de tensão devido a ocorrências de loteamento e vendas de terra de forma irregular dentro da área. De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), mais de 1.200 famílias não indígenas ocupam o território.

Daniel conta que nem todos os não indígenas são pessoas de má-fé. “Lá tem muita pressão vinda de serrarias, na área tem muitos ipês. Já existem fazendas lá dentro. Famílias menores que não conseguem suportar as condições de vida, acabam vendendo a terra para fazendas maiores”.

O resultado da falta de regularização fundiária na TI é visto na imensa área desmatada ao redor.  A Cachoeira Seca é a terra indígena mais desmatada do Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre 2008 e 2020, a TI perdeu um total de 367,9 km² de floresta. Devastação que corresponde a uma área maior do que a cidade de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais (331,3 km²).

Guardiões da Floresta

Daniel Faggiano também alerta para a importância do modo de vida desses povos originários para a questão climática. “A gente sabe que a crise climática não é uma particularidade do Brasil, é do mundo e os Arara estão empenhados em levar este modo de vida deles para que as pessoas conheçam e apoiem”.

Além da agenda específica do Povo Arara, em Brasília, a comitiva também irá se unir ao movimento indígena que segue na Capital Federal para acompanhar o julgamento da tese do marco temporal, prevista para a próxima quarta-feira, 1º de setembro. Depois disso, um grupo com 13 pessoas, sendo dez mulheres Arara, chega nos dias 6 e 7 para participar da marcha de mulheres indígenas que também irá acontecer em Brasília.

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