Início » Sociedade » Povos ancestrais alertam para manejo em terras indígenas do Baixo Tapajós, no Pará
Povos ancestrais alertam para manejo em terras indígenas do Baixo Tapajós, no Pará
No terceiro Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns (Cita), às margens do Rio Tapajós, diversos líderes das etnias Tupinambás, Arapiuns e Borari se reuniram para debater a economia, cultura e o futuro das comunidades. (João Paulo Guimarães/Revista Cenarium)
Compartilhe:
13 de novembro de 2020
João Paulo Guimarães – Da Revista Cenarium
Aldeia Jauarituba, Rio Tapajós – “A floresta para nós, povos da Amazônia não têm valor financeiro. Seu valor é social e espiritual, sendo parte do que somos”. A frase da engenheira florestal, de Jéssica Anastácia, faz parte da série de manifestações indígenas ocorridas entre os dias 7, 8 e 9 de novembro, próximo da cidade de Santarém, a 697 quilômetros de Belém. No III Encontro Tupinambá dos Povos Ancestrais, às margens do Rio Tapajós, diversos líderes e representantes das etnias Tupinambás, Arapiuns e Borari se reuniram para debater sobre articulações indígenas, território, demarcação de terras, uso dos rios e o futuro das comunidades.
No evento, os indígenas se reúnem na cidade e usam embarcações para chegar até o destino localizado no Baixo Tapajós. Nele são realizadas três atividades no encontro, a principal delas é a Assembleia do Conselho Tupinambá ocorrida este ano na Aldeia Jauarituba.
PUBLICIDADE
O Conselho é comandado pelo Cacique Braz Tupinambá, o Cacique Geral do Povo Tupinambá. Entre os presentes, também estava Edney Arapiun, de apenas 20 anos, que é liderança jovem e o coordenador do Cita. Ele comanda as aldeias da etnia do Baixo Tapajós e do Rio Arapiuns.
Sustentabilidade
A Assembléia tem como principal propósito articular ações em defesa do território da Reserva Tapajós Arapiuns, onde está situado o território Tupinambá, além de vários outros territórios.
Entre os assuntos de destaque, foram abordados o Manejo Madeireiro que divide opiniões na comunidade. Para a Mestra em Ciências da Floresta e engenheira florestal, Jessica Anastácia Medeiros, a luta do Povo Tupinambá é uma luta Amazônida.
“A Amazônia tem sido palco de grandes empreendimentos nas últimas décadas, em um processo que visa o lucro acima da vida e da cultura de diversas populações. O manejo madeireiro comunitário tem se colocado como uma solução para o desenvolvimento na Amazônia. No entanto, esquece que nunca fomos subdesenvolvidos até o surgimento do capitalismo”, detalhou.
A fala de Jéssica na reunião, que não pode ser gravada por questões óbvias de segurança, foi incisiva e tempestuosa no intuito de explicar didaticamente todos os pontos negativos do manejo madeireiro na prática.
“A floresta para nós povos da Amazônia não tem valor financeiro, seu valor é social e espiritual, sendo parte do que somos. Compensação nenhuma paga a vida e a necessidade dos grandes empresários e explorar as florestas tem fortalecido trabalhos sobre manejo sustentável, porém a conta da retirada de madeira e sustentabilidade não fecha”, finalizou.
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.