Povos indígenas sofrem derrota após Câmara aprovar lei de demarcação de terras


24 de junho de 2021
Povos indígenas sofrem derrota após Câmara aprovar lei de demarcação de terras
Parlamentares ainda votarão os destaques do projeto nesta quinta-feira, 24 (Andressa Zumpano/ Articulação das Pastorais do Campo)
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – Os parlamentares federais da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovaram na tarde dessa quarta-feira, 23, por 40 votos a 21, o Projeto de Lei 490/2007, mesmo diante da pressão de indígenas de todo o País para que a medida seja arquivada. Nesta quinta-feira, 24, a comissão ainda analisa oito destaques da proposta, que deve passar por votação em separado para que o texto siga para o plenário.

Para ativistas e lideranças, a proposta pode causar um genocídio dos povos originários, pois muda as regras para a demarcação de terras indígenas e busca consolidar a tese do “marco temporal”, artifício que diz que o direito à terra indígena só é garantido aos povos tradicionais, caso estes estivessem em posse dela na promulgação da Constituição Federal (CF) de 1988.

Em nota, a Articulação dos Povos Indígenas do País (Apib) disse que o movimento “Levante Pela Terra” continua mobilizado contra a agenda anti-indígena no Congresso. Para a entidade, o PL 490 é uma bandeira defendida pelo presidente Jair Bolsonaro e pela bancada do agronegócio.

“Se aprovado, na prática vai inviabilizar as demarcações, permitir a anulação de Terras Indígenas e escancará-las a empreendimentos predatórios, como garimpo, estradas e grandes hidrelétricas. A proposta é inconstitucional, na avaliação do movimento indígena e dos juristas”, salientou a Apib.

A proposta era para ter sido analisada nessa terça-feira, 22, mas a votação foi interrompida após confronto entre a Polícia Militar e indígenas em frente à Câmara dos Deputados. Na ocasião, policiais atacaram indígenas, segundo a Apib, com uso de bombas de gás lacrimogêneo. Por outro lado, o Congresso informou que flechas foram lançadas por indígenas.

“Kicis [presidente da CCJ, Bia Kicis (PSL-DF)] suspendeu a reunião da comissão marcada para ontem, após um protesto pacífico de indígenas contra o PL 490 ser reprimido com violência pela polícia, do lado de fora da Câmara. Num ato considerado incomum e autoritário, ela pautou a proposta como único item da pauta de hoje”, frisou a articulação.

No confronto, segundo a Apib, estavam um grupo de indígenas com crianças e idosos. Seis pessoas foram feridas, sendo três policiais e três indígenas, além de dez manifestantes intoxicados, por conta do gás lacrimogêneo e spray de pimenta.

Após o ato, nessa quarta-feira, 23, mulheres indígenas distribuíram flores aos policiais que estavam em frente à Câmara dos Deputados, em Brasília.

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