Pré-candidato à Presidência da República, Moro diz que ‘Lava Jato’ combateu PT de forma eficaz
30 de dezembro de 2021
O juiz Sergio Moro (Reprodução/ Internet)
Com informações da Folha de S. Paulo
CUIABÁ – Pré-candidato à Presidência da República, o ex-juiz Sergio Moro disse nessa quarta-feira, 29, que a Operação “Lava Jato” combateu o PT de forma efetiva e eficaz. A declaração foi dada em entrevista à Rádio Capital FM, de Mato Grosso, no momento em que tratava sobre o apoio de parlamentares de seu partido, o Podemos, ao governo do presidente Jair Bolsonaro.
“Como é que a gente pode defender um governo desse? Com pessoas [com fome] da fila de ossos, um governo que foi negligente com as vacinas, um governo que ofende as pessoas, um governo que desmantelou o combate à corrupção.”
“Tudo isso por medo do quê? Do PT? Não. Tem gente que combateu o PT na história de uma maneira muito mais efetiva, muito mais eficaz. A Lava Jato”, disse Moro na entrevista.
O ex-juiz Sergio Moro, ex-ministro da Justiça do Governo Bolsonaro – Theo Marques/UOL
Logo em seguida, porém, o ex-ministro de Bolsonaro recuou e disse que a “Lava Jato” apenas descobriu “os esquemas de corrupção e mostrou o que o PT verdadeiramente é”.
“Agora vai apoiar o presidente atual pra quê? Por quê? Qual que é o motivo? Se é uma questão meramente política? O objetivo é ganhar eleições? Eu acho que tem que ser para servir e proteger a população brasileira, e o nosso projeto vai nessa linha”, completou.
Diante das declarações de Moro, petistas reagiram nas redes sociais.
“Deveria estar preso e não disputando cargo político. Nojo”, escreveu no Twitter Simão Pedro, ex-deputado estadual e ex-secretário da gestão Fernando Haddad, em São Paulo. “Justiceiro, criminoso”, publicou o deputado federal Paulo Teixeira ao comentar o caso.
Juiz da “Lava Jato”, Moro abandonou a magistratura para assumir o Ministério da Justiça do governo Bolsonaro, com quem se desentendeu —isso motivou seu pedido de demissão em abril do ano passado.
Neste ano, Moro sofreu uma dura derrota no Supremo Tribunal Federal (STF), que o considerou parcial nas ações em que atuou como juiz federal contra o ex-presidente Lula (PT). Com isso, foram anuladas ações dos casos tríplex, sítio de Atibaia e Instituto Lula.
Diferentes pontos levantados pela defesa de Lula levaram à declaração de parcialidade de Moro, como condução coercitiva sem prévia intimação para oitiva, interceptações telefônicas do ex-presidente, familiares e advogados antes de adotadas outras medidas investigativas e divulgação de grampos.
A posse de Moro como ministro de Bolsonaro também pesou, assim como os diálogos entre integrantes da Lava Jato obtidos pelo site The Intercept Brasil e publicados por outros veículos de imprensa, como a Folha, que expuseram a proximidade entre Moro e os procuradores da “Lava Jato”.
Em resumo, no contato com os procuradores, Moro indicou testemunha que poderia colaborar para a apuração sobre Lula, orientou a inclusão de prova contra um réu em denúncia que já havia sido oferecida pelo Ministério Público Federal, sugeriu alterar a ordem de fases da operação “Lava Jato” e antecipou ao menos uma decisão judicial.
Moro sempre repetiu que não reconhece a autenticidade das mensagens, mas que, se verdadeiras, não contêm ilegalidades.
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