‘Precisamos de políticas públicas’, diz especialista sobre equilíbrio ambiental e climático


05 de setembro de 2024
A presidente do Corecon-AM/RR, Michele Aracaty (Reprodução/Redes Sociais)
A presidente do Corecon-AM/RR, Michele Aracaty (Reprodução/Redes Sociais)

Da Cenarium*

MANAUS (AM) – Nesta quinta-feira, 5, celebra-se o Dia da Amazônia, o que reforça a importância da conservação do bioma amazônico, evidenciando a relação entre os aspectos sociais e econômicos e a proteção ambiental. Além disso, a relevância das comunidades locais e indígenas na luta pela conservação dessa área.

Para a professora do curso de economia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Michele Aracaty, que integra ainda o Fórum de Estudos Econômicos e Sociais para o Desenvolvimento Sustentável (Focus), a data é uma oportunidade para chamar a atenção para a relevância da Amazônia e seu papel como maior reserva natural do planeta e uma das maiores riquezas da humanidade.

“A partir do momento em que a sociedade tenha pleno conhecimento do papel da Amazônia no equilíbrio ambiental e climático lhe dará a devida importância. A Amazônia é nossa parte, e eu observo que a população tem se mobilizado para buscar alternativas com impacto reduzido e de preservação ambiental, mas precisamos de uma política pública assertiva que seja clara e que envolva os diversos atores amazônicos”, frisa Aracaty.

Rio e mata amazônicos (Lucas Danilo da Silva Durães/MMA)

Especialista em desenvolvimento regional e biodiversidade, a pesquisadora tem produzido diversos artigos e trabalhos sobre o tema. Para ela, o dia 5 de setembro é uma excelente oportunidade para aumentar a conscientização sobre a importância da Amazônia e as ameaças que a biodiversidade enfrenta.

“Precisamos mudar a lógica: deve sair de cena a extração predatória dos recursos naturais e dos biomas e entrar no jogo a valorização da floresta em pé e de tudo o que é produzido em cada ecossistema, por isso, a necessidade urgente da implementação de uma economia verde na região”, destaca

Ainda de acordo com Michele Aracaty, um dos principais desafios a serem enfrentados pela Amazônia é a identificação de um modelo econômico ou produtivo de bens e serviços de baixo impacto que possa mitigar a vulnerabilidade social e econômica regional gerando emprego e renda verdes.

Tripé da sustentabilidade

A especialista explica também de que maneira as questões sociais e econômicas estão conectadas à conservação ambiental na Amazônia. Para ela, é o tripé da sustentabilidade e constitui o modelo ideal onde as variáveis têm o mesmo peso.

“Trata-se de uma região rica em biodiversidade e recursos naturais com valor inestimável e uma população vulnerável que cotidianamente é privada de direitos básicos [saneamento básico, energia elétrica, água potável] e, em termos de métricas, apresenta os mais ínfimos indicadores de vulnerabilidade social e econômica”, pontua.

Dados do Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade (Salve), gerido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), revelam crise na biodiversidade amazônica, como desmatamento, fragmentação de habitat e mudanças climáticas ameaçam espécies, o que impacta mamíferos, aves, répteis e plantas

Em consonância, Michele Aracaty salienta que entre os desafios enfrentados na implementação de políticas de proteção ambiental na Amazônia está a imensidão territorial, bem como a falta de oportunidades econômicas, o que contribui para a atividade predatória.

“Levanto a bandeira para a necessidade urgente de identificação de atividades econômicas preservacionistas que desestimulem gradativamente o desmatamento ilegal. Precisamos tornar viável economicamente atividades preservacionistas que esvaziem ou tornem menos atrativas economicamente as atividades predatórias”, destaca.

Economia verde

De acordo com a especialista em desenvolvimento regional, a economia verde a ser implementada na Amazônia constitui uma oportunidade de apresentar ao mundo um modelo brasileiro tropical de desenvolvimento com o principal ativo da biodiversidade que possa melhorar as condições de vida e proporcionar o bem-estar para a população que vive na região em condições elevadas de vulnerabilidade socioeconômica e que não dispõe de direitos básicos constitucionais.

“Lembrando que a floresta é a principal fonte de inovação e que a Amazônia não é formada apenas por cobertura vegetal e rios. Aqui vivem pessoas que precisam de emprego e renda e que contribuem para a preservação ambiental. Precisamos pensar grande em relação à Amazônia e não podemos errar mais. Temos que nos conscientizar de que o futuro do Brasil e do planeta passa necessariamente pelo futuro da Amazônia. Por fim, a Amazônia não é um problema, ela precisa ser vista como uma oportunidade”, concluiu.

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(*) Com informações da assessoria

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