Preconceito: após comentar gosto por rock metal, Pabllo Vittar é atacada por ‘haters’ e vai para o topo do Twitter

Com trocação de carinho nas redes sociais, Pabllo Vittar e Angra sinalizam uma possível união para fazer 'um som' (fotomontagem/Revista Cenarium

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Bastou um “tuíte” para Pabllo Vittar estremecer o mundo do metal. A cantora Drag Queen mais badalada do mundo pop nacional revelou no Twitter que estava curtindo “só as mais tristes” da banda de metal Angra, cujo ícone André Matos, ex-vocalista, morreu em junho deste ano.

A publicação na rede social pegou de surpresa fãs de Pabllo e principalmente os fãs do Angra, que possui um respeito internacional no mundo da música. Para completar, o grupo Angra curtiu a publicação respondendo: “Confesso que esse tweet me nocauteou, me tonteou”.

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O episódio gerou polêmica na internet após “haters” – internautas que possuem a prática de disseminar ódio àquilo que não defendem – reproduzirem memes (foto principal da matéria) com a imagem de Pabllo junto a banda de rock, mas em um sentindo pejorativo. O assunto ficou no Trending Topics do Twitter Brasil.

A resposta do Angra acompanhada de um “emoji do capetinha”, tradicional gesto feito com os dedos mindinho e indicador, e abriu margem para interpretações se haverá uma parceria entre o Angra e Pabllo Vittar. A REVISTA CENARIUM ouviu a “galera do metal” em Manaus, para saber sobre o tema.

Ícone de uma geração de bandas que posicionou o Brasil no mundo do metal, o Angra é respeitado pelo trabalho em mais de 20 anos de estrada (Reprodução/Internet)

Até a Lady Gaga…

Rockeiro “das antigas”, o industriário Sid Scheffler reagiu com certa naturalidade à notícia. “Se o Bob Halford (vocalista da banda de metal Judas Priest) declarou que quer cantar com a Lady Gaga, quem sou eu para criticar o Angra?”, falou com ironia.

Artista de prestígio na cena nacional, Pabllo postou ‘só as mais tristes’. Declaração viralizou nas redes (Reprodução/Internet)

De acordo com Sid, a intenção é boa, mas ele não acredita no potencial vocal de Pabllo Vittar. “Ela não tem voz para isso, ainda mais se for tentar interpretar um vocal poderoso como o do André Matos, que era o ex-vocalista do Angra e uma das maiores vozes do metal no mundo”, cutucou o fã.

Para o rockeiro, o ‘namoro’ via Twitter entre o Angra e Pabllo é uma jogada de marketing. “Acho que é jogada de marketing para dar um up na carreira que nem o Andréa Kisses (Sepultura) que foi tocar axé no carnaval da Bahia ano passado”, comparou.

Sem preconceito

Questionado se não havia preconceito por ser Pabllo Vittar uma artista travesti, Sid respondeu. “Não! Claro que não. Óbvio que existe sempre uns radicais na seara do metal mais ‘cruzão’, mas 80% da galera do rock não liga para isso”, respondeu o fã de metal.

O produtor Francisco Ribeiro (de preto, lógico) com integrantes do Massacration. ‘Acho bom o artista sair de sua zona de conforto’ (Reprodução/Divulgação)

Para o produtor e rocker Francisco Ribeiro, proprietário da Dentrash Produções, empresa voltada para gênero de eventos de metal, não há problemas em um artista curtir o trabalho do outro. “Não vejo problema nisso, a Lady Gaga gravou com o Metallica e foi um sucesso”, relembrou.

“Acho que é bom o artista de vez em quando sair de sua zona de conforto e passear em outros estilos”, acrescentou Francisco. “E se a Pabllo causa esse barulho todo quando ouve ou quer gravar com o Angra é porque algum mérito ela tem como artista”, reconheceu o produtor.

Quebrando barreiras

A história da música brasileira está cheia de capítulos onde não faltam experimentos e polêmicas. Quando Caetano Veloso se apresentou no Festival Internacional da Canção de 1968 com a música “É Proibido Proibir”, um hino contra a ditadura militar de 1964 e também contra a ditadura da ‘estética’. Ele foi vaiado.

Tudo porque ao dividir o palco da disputa com a participação da banda ‘Os Mutantes’ de Rita Lee e Arnaldo Batista, o grupo pioneiro no rock Brasil, imprimiu o uso da guitarra. A apresentação terminou com Caetano sendo acusado de ‘americanização’.

Lobão e seu dedinho malcriado no Rock In Rio de 1991. Experimentalismo, provocação e muitas vaias (Reprodução/Internet)

Outro exemplo foi a participação de Lobão no Rock In Rio de 1991. O cantor tocou no dia do metal e resolveu juntar uma bateria de escola de samba ao seu show. Lobão enfrentou um público hostil que o agrediu com vaias e palavrões. Como reação, Lobão deu um cotoco para a galera.

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