Presidente da Associação de Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro é a convidada do ‘Programa Cenarium Entrevista’ desta semana

(Jhualisson Veiga/CENARIUM)

Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – O CENARIUM ENTREVISTA desta semana traz um bate-papo com a presidente da Associação de Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro, Clarice Gama. No décimo episódio do programa especial, que foi ao ar pelo canal do YouTube da TV Cenarium nessa terça-feira, 19, Dia do Indígena, a entrevistada da etnia Tukano destacou pontos relacionados aos valores culturais dos povos originários, reconhecimento e desafios que permeiam o assunto.

“Os valores culturais estão interligados em todos os processos da cultura e não somente a dos povos indígenas. É algo complexo e está ligado à toda essa questão da natureza que defendemos, principalmente, quando perpassa o fator linguístico, cosmológico e mitológico de cada povo indígena em que pertence”, define a líder.

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Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Amazonas (UEA), especialista em gestão de projetos e formação docente pela UEA e mestranda em História pela Universidade Federal do Amazonas, Clarice Gama também atua como professora indígena do Espaço de Língua Materna e Conhecimentos Tradicionais Indígenas. Ao ser questionada sobre respeito e preservação dispensados aos valores culturais dos povos originários, a pesquisadora ressalta: “Atualmente, estamos com uma dificuldade enorme em sermos respeitados, reconhecidos pelo poder público, principalmente, quando falamos de uma instância que poderia fazer algo a mais e uma defesa maior por nós, exemplo disso é o Marco Temporal”, lamenta Clarice.

Presidente da Associação de Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro, Clarice Gama (Jhualisson Veiga/CENARIUM)

“Dia do Índio não”

De acordo com o último Censo Demográfico de 2010, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), em todos os Estados do Brasil há mais de 300 povos indígenas e mais 270 línguas. Embora haja essa diversidade étnica, os indígenas não apoiam a data de 19 abril, por muitos anos chamada de “Dia do Índio”, por fomentar reproduções colonizadoras e estereotipadas da figura indígena, como destaca a entrevistada.

“A palavra índio, na verdade, nossos parentes afirmam que é pejorativa e que não reproduz nossa pluralidade cultural. Para mim, a importância desse dia está em celebrar a nossa existência, resistência, resiliência. Nosso dia deveria ser lembrado com respeito. Respeito ao nosso espaço”, diz Clarice.

Vale lambrar que, em dezembro de 2021, foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) um projeto de lei formulado pela deputada federal Joênia Wapichana, que institui o conhecido 19 de abril como o Dia Nacional dos Povos Indígenas.

Associação do Alto Rio Negro

Durante a entrevista, Clarice fala sobre a Associação de Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro. Segundo a presidente da associação, o lugar foi criado em 29 de março de 1987, com intuito de amparar as mulheres indígenas do Alto Rio Negro que trabalhavam em casas de famílias e, após saírem dos seus devidos trabalhos ficavam em situação de vulnerabilidade social.

“Com 35 anos lutando pelos direitos dos povos indígenas e da mulher indígena, nossas pautas têm girado em torno da saúde da mulher, medicina tradicional, resgate cultural, educação e política”, afirma a presidente destacando que o local representa, ao menos, dez povos do Alto Rio Negro.

Para assistir a entrevista completa e outros pontos abordados durante o bate-papo, acesse a TV CENARIUM no YouTubeAlém destes episódios, todas as outras entrevistas e programas estão disponíveis no canal.

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