Presidente da Bolívia troca comando do Exército após tentativa de Golpe

Presidente da Bolívia frente a frente com o comandante do Exército que ordenou tomada de poder (Reprodução)
Jadson Lima e Antony Franco – Da Cenarium*

O presidente da Bolívia, Luis Arce, anunciou a troca do comando do Exército depois que o atual comandante da Força Armada, General Juan José Zúñiga, mobilizou tropas que resultaram na invasão da sede do Palácio Quemada, nesta terça-feira, 26. Os militares que cercavam o prédio deixaram o local depois que o novo comandante, José Wilson Sánchez Velásquez, ordenou às tropas voltassem aos quartéis.

Mais cedo, Arce denunciou uma tentativa de Golpe de Estado no país vizinho e pediu a líderes internacionais que condenassem a investida dos militares sobre a democracia boliviana. Imagens que circulam nas redes sociais mostram que os militares liderados pelo agora ex-comandante do Exército tomaram as ruas da capital Lá Paz.

Ao assumir o comando, o novo chefe da Força Armada ordenou aos militares que retornassem aos quarteis. “Na condição de comandante-geral do Exército, ordeno que todos os militares que se encontrem nas ruas devem retornar a suas unidades”, disse. 

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Em pronunciamento na Casa Grande del Pueblo, a residência presidencial boliviana, o presidente Arce criticou os militares que participaram da tentativa de golpe. “Deploramos atitudes de maus militares que, lamentavelmente, repetem a história recente do país, tratando fazer um golpe de Estado quando o povo boliviano sempre foi um povo democrático”, afirmou.

Ele agradeceu ao povo boliviano pelo apoio nas redes sociais, a todos os países que estão se pronunciando em favor da democracia boliviana e também à polícia do país. “Chamamos o povo boliviano a mobilizar-se e manter a calma. todos os bolivianos juntos vamos derrotar qualquer tentativa de golpe”. 

Entenda situação

As Forças Armadas bolivianas tomaram a praça central de La Paz nesta quarta-feira, 26, e um veículo blindado invadiu a entrada do palácio presidencial, enquanto o presidente Luis Arce denunciava um “golpe” contra o governo e pedia apoio internacional. Soldados fortemente armados e veículos blindados foram vistos se reunindo na praça central, Plaza Murillo, liderados por Zuñiga.

Zuñiga disse recentemente que se Evo Morales, ex-presidente do país e que planeja concorrer nas eleições de 2025, retornar como presidente do país, irá bloqueá-lo, o que levou Arce a tirá-lo do comando do Exército. 

Nesta tarde, Zuñiga se dirigiu aos repórteres na praça e citou que existe uma raiva crescente no país, que vem enfrentando uma crise econômica com o esgotamento das reservas do Banco Central e a pressão sobre a moeda boliviana, uma vez que as exportações de gás diminuíram.

Os três chefes das Forças Armadas vieram expressar nossa consternação. Haverá um novo gabinete de ministros, certamente as coisas mudarão, mas nosso país não pode mais continuar assim“, disse Zuñiga a uma estação de TV local.

Já Morales, que divergiu publicamente de Arce, embora ambos pertençam ao mesmo movimento socialista, disse que seus partidários se mobilizariam em apoio à democracia. Ele acusou Zuñiga de tentar dar um golpe de Estado e anunciou uma paralisação geral, incluindo uma convocação para bloquear as estradas.

Leia mais: Dilma defende memória de 1964, enquanto Mourão exalta golpe militar
(*) Com informações de Agência Brasil
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