Presidente da CPI da Covid afirma que prevaricação de Bolsonaro é ‘um fato’

Nesta sexta-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou que instaurou um inquérito para apurar os fatos (Pablo Jacob/Agência O Globo)

Com informações do O Globo

BRASÍLIA – Para o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), “é um fato” que Jair Bolsonaro prevaricou ao deixar de comunicar às autoridades a denúncia de suspeitas no contrato da vacina indiana Covaxin. O caso foi levado ao conhecimento do presidente no Palácio da Alvorada no dia 20 de março deste ano pelo servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda e pelo seu irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF). Nesta sexta-feira, 2, a Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou que instaurou um inquérito para apurar os fatos.

Aziz garante que a CPI ainda tem muito a investigar e que o presidente pode ser responsabilizado por outros crimes. O senador amazonense afirma que Bolsonaro está incomodado com o trabalho da comissão — que mostrou “a ineficiência” da gestão atual. “Uma coisa que deixa o presidente com urticária é a gente mostrar que o governo dele é corrupto também. Estamos com fortes indícios disso”, disse o parlamentar ao GLOBO. Confira os principais trechos da entrevista.

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Recentemente, o presidente disse que tem “sete bandidos” na CPI. Como o o senhor recebeu essa declaração?

O presidente, quando acuado, reage dessa forma. É o modus operandi dele. Agredindo, tentando desqualificar as pessoas que se contrapõem a ele. Ele faz isso com todos. Ele precisa dar uma resposta para o eleitorado dele. E a resposta é desqualificar os membros da CPI. Mas ele não consegue desmentir o deputado Luis Miranda. Você vê que está ficando ruim, porque para qualquer pessoa um pouco racional, mesmo fã dele, persiste a dúvida: será que o deputado Miranda falou isso e o presidente não fez nada? Veja o limite que nós chegamos, o presidente dizer que não sabe do que acontece nos ministérios. Mas sabe, através de WhatsApp, de compadre, de amiguinho, de não sei o quê.

Há uma preocupação de que a CPI vire um instrumento de confronto contra o governo Bolsonaro?

A minha posição é clara desde o primeiro momento. Estou ali para investigar. Não vou passar a mão na cabeça de ninguém. Essa CPI é diferente. Não é abstrata. Ela está na casa de todos os brasileiros: ou a pessoa perdeu um parente ou perdeu um vizinho, um amigo, um conhecido da escola (na pandemia). Virou uma rotina não poder velar seus mortos, não poder abraçar as pessoas que estavam ali com o coração partido. Quando a CPI entra na casa das pessoas, a gente começa a debater. Quando o debate começa, quando a gente se contrapõe e não somos “cancelados” pela rede bolsonarista, a gente enfrenta a rede bolsonarista e empata o jogo que estava perdendo de sete a um. Empatamos o jogo. E a gente está conseguindo virar isso, porque as pessoas agora têm uma perspectiva de se fazer justiça a milhões de brasileiros que estão chorando os seus mortos. Essa é a grande diferença dessa CPI.

Por que o senhor acha que o presidente está incomodado com a CPI?

O presidente está incomodado porque a CPI mostrou a ineficiência da administração dele. Mas não só. Uma coisa que deixa o presidente com urticária é a gente mostrar que o governo dele é corrupto também. Estamos com fortes indícios disso. Isso aí deixa ele com urticária. Ele fica louco. E ele não consegue debater… Ele vai debater com a ema? Não vai, né? Então, sobe no palanque. O negócio é restrito a ele, já preparado, está me entendendo? É base militar, é área de motociata e tal. É o habitat, né. Não é uma universidade.

Há indícios claros de que o presidente prevaricou diante da denúncia apresentada pelos irmãos Miranda?

Isso não é indício. Isso é um fato. Ele não desmente. Ele não encaminhou (a denúncia) para a Polícia Federal. A Polícia Federal abriu nessa quarta-feira esse inquérito. Depois de quantos meses? É um fato. Ele não encaminhou nem para a CGU, nem para a Abin. É um fato. E o deputado Luis Miranda ainda disse: “Eu espero que ele não me desminta, porque senão…”. É um fato. Ele teve a oportunidade de encaminhar para a Polícia Federal ou para o Ministério da Saúde. Aí inventaram que deram para o ministro Pazuello, que sai dois dias depois (da Saúde). Pazuello já sabia que seria exonerado, porque ninguém é exonerado no dia. E o coronel Elcio Franco (ex-secretário executivo da Saúde) também já ia no bolo. Então, nenhum dos dois investigou nada. Não falou nada. Então, isso aí incomoda Bolsonaro. Ele recebe na residência oficial dele um deputado federal da base dele, que levou essas denúncias, e ele não tomou providência. Então, isso aí qualquer servidor público diria que é prevaricação.

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