Presidente dos Estados Unidos critica Suprema Corte americana por revogar direito ao aborto

Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden(Evenlyn Hockstein/ Reuters)
Com informações do InfoGlobo

ESTADOS UNIDOS – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez um duro discurso nesta sexta-feira, 24, criticando a decisão da Suprema Corte de revogar o direito ao aborto e chamou o veredicto de “erro trágico” movido por uma “ideologia extrema”. Biden cobrou que o Congresso aprove uma lei federal sobre o tema e evocou a campanha para as eleições legislativas de novembro, exortando os eleitores a continuar a luta de forma “pacífica” e a defender “nas urnas” as liberdades individuais.

“Esse é o resultado de um esforço deliberado de décadas para acabar com o equilíbrio de nossas leis, é a concretização de uma ideologia extrema, um erro trágico. A Suprema Corte fez algo que nunca havia feito antes, que é retirar um direito constitucional dos americanos”. “A América volta 150 anos no tempo”, enfatizou o democrata na Casa Branca, após a sentença ser conhecida. “É um dia triste para a Suprema Corte e para os Estados Unidos”.

Biden usou o discurso para pedir que o aborto seja transformado em lei federal e lembrou aos eleitores que a única maneira de defender o direito da mulher no Congresso é elegendo “senadores e líderes locais” nas eleições de novembro. O democrata admitiu que a atual configuração do Congresso, com o Senado dividido ao meio entre democratas e republicanos, impede o avanço de qualquer lei nesse sentido e pediu que os eleitores votem em candidatos que apoiem a causa:

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“Os eleitores precisam fazer suas vozes serem ouvidas. Precisamos eleger senadores e líderes locais para proteger esse direito e restaurar essa decisão nas eleições de meio de mandato [presidencial]. Tudo isso estará em jogo no voto, e eu farei tudo que estiver ao meu alcance para proteger a saúde da mulher”.

Cargos eletivos

Atualmente, as pesquisas indicam que, nas eleições de novembro, os democratas correm o risco de perder a atual maioria na Câmara e a maioria de um voto no Senado, só garantida pelo voto de minerva da vice-presidente, Kamala Harris. Além disso, haverá renovação de 36 dos 50 governadores e de vários cargos eletivos nos estados.

Embora tenha afirmado hoje à Fox News que a decisão da Suprema Corte “segue a vontade de Deus” e a Constituição, o ex-presidente Donald Trump, que mantém grande influência no Partido Republicano, teria comentado em privado, segundo o New York Times, que o veredicto pode prejudicar a sigla nas urnas.

Em seu discurso, ao criticar a falta de equilíbrio na Suprema Corte, Biden lembrou que Trump foi responsável por escolher três juízes conservadores durante seu mandato. Com isso, o tribunal ficou com seis juízes nomeados por presidentes republicanos, e apenas três por democratas.

“Três juízes nomeados por um presidente estão no centro da decisão de hoje de eliminar um direito fundamental às mulheres do país”.

No discurso, Biden destacou ainda que “a saúde e a vida das mulheres neste país estão agora em perigo” e lembrou que elas “poderão ser punidas por quererem proteger sua própria saúde”, assim como os médicos, que poderão ser “criminalizados por fazer seu dever”. Ele citou a movimentação de parte dos estados para restringir ou até mesmo proibir o aborto com leis que aguardavam apenas a decisão da Suprema Corte para entrar em vigor.

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