Omar Aziz diz que ‘ninguém será poupado’ na Comissão Parlamentar do INSS
Por: Lucas Thiago*
19 de agosto de 2025
BRASÍLIA e MANAUS (AM) — Às vésperas de assumir a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), nessa quarta-feira, 20, o senador Omar Aziz (PSD-AM) afirmou que os trabalhos de apuração no Congresso Nacional “não vão poupar ninguém”, ao prometer neutralidade durante o processo que vai investigar as fraudes dos descontos indevidos dos segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O pedido de CPMI foi protocolado após a ‘Operação sem Desconto’, da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU), em abril deste ano, que desbaratou uma quadrilha de entidades associativas que realizavam descontos de mensalidades sem a anuência de aposentados e pensionistas do INSS. A fraude resultou na queda do então ministro da Previdência, Carlos Lupi, e do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, além de outros servidores. Na época, a estimativa do rombo era de mais de R$ 6 bilhões.

“A CPMI não tem réus predefinidos, pois tem fatos a ser esclarecidos, chegar e falar em nomes é muito prematuros, eu tenho que manter essa isenção. Se trouxer um fato relevante não haverá proteção de ninguém, ninguém será poupado, meu trabalho vai ser de apuar. Meu compromisso com a verdade, sem prejudicar. E sem inocentar ninguém”, disse o senador à emissora CNN.
Durante a entrevista, Omar reforçou que sua condução será baseada no “compromisso com a verdade“, sem espaço para conveniências políticas ou disputas ideológicas. De acordo com o parlamentar, a sociedade brasileira está “ansiosa” para esclarecimentos sobre o caso.
“A população está ansiosa para ter mais entendimento do que se passou, do que está se passando. O compromisso é com a verdade, e não com conveniências políticas. O trabalho da CPMI não é para proteger nem para prejudicar ninguém, mas para apurar os fatos e evitar que esse tipo de fraude volte a acontecer”, afirmou.
Aziz foi confirmado para comandar a CPMI do INSS pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil/AP). O deputado federal Ricardo Ayres (Republicanos/TO) foi ratificado como relator da comissão pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos/PB), na rede social X. “Anuncio que o relator da CPMI do INSS será o deputado @RicardoAyres_TO (Republicanos-TO). Desejo a ele, ao presidente @OmarAzizSenador (PSD-AM) e a todos os integrantes um excelente trabalho nessa pauta tão relevante para o País“, afirmou Motta.

A comissão será composta por 15 deputados e 15 senadores titulares, com o mesmo número de suplentes, e terá 180 dias de prazo para realizar os trabalhos. A instalação da CPMI está marcada para essa quarta-feira, 20, às 11 horas, no plenário 2 da ala Nilo Coelho, no Senado.
Apoio a Omar
Ao todo, 11 entidades estão sob investigação das autoridades. Em maio deste ano, a CENARIUM apontou que uma delas, o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi/FS), manifestou apoio a Omar para as eleições de 2026, durante o evento que lançou o movimento “Amazonas Forte de Novo“, em Manaus (AM), neste ano.

A demonstração do apoio do Sindnapi/FS ocorreu no dia 25 de abril, no Clube da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Amazonas (OAB/AM), Zona Centro-Sul da cidade, por meio da representação estadual do sindicato. Além do lançamento do movimento, foram oficializadas as pré-candidaturas de Aziz e Braga ao Senado. O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), participou do evento.
Em frente à sede do Clube da OAB/AM, conforme registrado da CENARIUM, duas faixas com o nome do Sindnapi Amazonas mostraram apoio aos parlamentares, assim como ao Lula (PT). Uma delas citava a BR-319, rodovia que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM). “O movimento sindical marcha com Lula, Omar e Eduardo na luta pela BR-319 já!“, constava em uma faixa assinada pelo sindicato. “Omar governador é mais empregos na indústria e no comércio“, dizia outra.

TCU manda investigar Sindnapi
Em maio, o Tribunal de Contas da União (TCU) acolheu representação da bancada do Novo no Congresso e determinou uma série de medidas para apurar indícios de fraudes envolvendo o Sindnapi. De acordo com relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), 76,9% dos beneficiários que tiveram descontos vinculados ao Sindnapi afirmaram nunca ter autorizado tais cobranças.
A receita do sindicato aumentou significativamente nos últimos anos, passando de R$ 23 milhões em 2020 para R$ 154 milhões em 2024. Para a Polícia Federal, a entidade deixou de apresentar a documentação necessária para comprovar que fez os descontos com a autorização dos associados.
A decisão determinava, entre outras ações, uma inspeção específica no Ministério da Previdência, no INSS e na Dataprev para acessar as bases de dados e documentos desses órgãos e identificar todas as consignações realizadas nos benefícios previdenciários, os repasses feitos às entidades sindicais, os servidores públicos envolvidos e as medidas efetivas adotadas até o momento para apuração e ressarcimento dos prejuízos causados.