Primeira vereadora trans de Niterói deixa o País após receber ameaças
14 de maio de 2021
Benny Briolly, a primeira vereadora trans eleita em Niterói (RJ), toma posse na Câmara Municipal de Niterói (Clever Felix/Ldg News/Estadão Conteúdo)
Com informações da Folha de S. Paulo
SÃO PAULO – A vereadora Benny Briolly (Psol), primeira parlamentar trans eleita em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, anunciou nessa quinta-feira, 13, a decisão de deixar temporariamente o Brasil por causa de ameaças contra a sua integridade física. Segundo comunicado da assessoria da parlamentar, ela sofre ameaças desde dezembro de 2020, antes de tomar posse na Câmara de Vereadores.
“São incontáveis as agressões que sofre nas ruas e nas redes”, diz a assessoria. Em uma das ameaças, Benny recebeu um email que citava o seu endereço e exigia a renúncia.
Outra intimidação que assustou a equipe da vereadora e o Psol veio em forma de comentários nas redes sociais. Nas postagens, desejavam que “a metralhadora do Ronnie Lessa” a atingisse. PM reformado, Lessa é acusado pelo assassinato de Mariele Franco.
“As instituições que atuam na proteção de defensoras de direitos humanos e têm acompanhado esses acontecimentos estão cada vez mas preocupadas com o aumento do risco”, disse o comunicado sobre a saída de Benny do País.
A vereadora continuará acompanhando as sessões plenárias da Câmara, que são virtuais por causa da pandemia da Covid-19. A equipe dela seguirá trabalhando, inclusive na Comissão de Direitos Humanos, da Criança e do Adolescente, presidida por Benny.
“Porém, é inegável que o afastamento cerceia seus direitos políticos e prejudica profundamente o exercício do cargo para o qual Benny foi eleita”, afirma o comunicado.
A vereadora Benny Briolly, primeira parlamentar trans eleita em Niterói (RJ) (Reprodução/Facebook)
Repercussão
Lideranças do Psol como Guilherme Boulos, ex-candidato a prefeito de São Paulo, e a deputada federal Talíria Petrone lamentaram a situação da vereadora de Niterói. “Minha solidariedade à companheira Benny Briolly, que precisou sair do país por conta de ameaças a sua vida”, disse Boulos.
“Toda solidariedade a minha amiga e vereadora mais votada de Niterói, que precisou sair do país por conta das constantes ameaças transfóbicas, machistas e racistas que vem sofrendo. É um absurdo sem precedentes”, escreveu Talíria nas redes sociais.
A deputada também é alvo de ameaças e precisou deixar o Rio de Janeiro para se proteger. Em 2016, Talíria foi a vereadora mais votada de Niterói e durante o mandato recebia nas redes sociais recados intimidatórios como “merece morrer com um monte de bala”.
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