Primeiro café indígena de Mato Grosso é destaque em evento no Rio de Janeiro
13 de agosto de 2024

Davi Vittorazzi — Da Cenarium
CUIABÁ (MT) — O Massepô Café Indígena, primeira marca de café produzido por indígenas em Mato Grosso, foi destaque no 8º Salão Nacional do Turismo, realizado nesta semana, no Rio de Janeiro (RJ). O produto vem da terra indígena de mesmo nome da marca, em Barra do Bugres (a 165 quilômetros de Cuiabá).
O produto foi exposto no espaço Cafés do Brasil durante a feira. Ao todo, o evento teve um público estimado de 120 mil pessoas. A marca de café foi selecionada pela organização da feira, que reúne produtos da agricultura familiar associado ao turismo.
A produção do café começou em 2013, quando o produtor rural indígena e cacique da etnia Balatiponé-Umutina Felisberto de Souza Cupudunepá passou a investir na cafeicultura. No cultivo, ele a família encontraram uma fonte de renda. O cacique conta que, a partir de então, buscou parceria com outros indígenas cafeicultores, como os da etnia Suruí e Tupari, ambos de Rondônia.

Com auxílio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Empresa Mato Grossense de Pesquisa Assistência e Extensão Rural (Empaer), os indígenas encontraram uma espécie de café mais adaptada à região. Para a mão de obra, a própria comunidade se mobilizou na plantação.
“Nosso sistema de produção é diferente. É um café produzido em terra indígena, feita da forma mais natural possível, que envolve a nossa comunidade. O processo de beneficiamento é todo artesanal e é dessa forma que a gente consegue agregar o valor. Agora, estamos trabalhando para produzir café especial, que pode ter um valor até três vezes mais do que o que produzimos atualmente”, disse o cacique.
Etnoturismo em Mato Grosso
Além da produção e de olho no potencial turístico, os indígenas da Balatiponé-Umutina pretendem oferecer a experiência de uma visita guiada na aldeia para turistas.
Segundo a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), o Mapeamento do Etnoturismo em Mato Grosso aponta que 19 das 40 etnias que foram mapeadas nos polos Araguaia, Cerrado, Amazônia e Pantanal praticam atividades turísticas em seus territórios no Estado.