Primeiro título: interesse de jovens de 16 e 17 anos em votar cai 46% em relação a 2020 no Amazonas

O prazo para a emissão do documento encerra no dia 4 de maio (Reprodução/Internet)

Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – As eleições 2022 estão chegando e, com elas, a oportunidade de exercer mais que uma obrigação, um direito conquistado com muitas lutas. O ato democrático, que tem o poder de mudar o destino político de um povo, a cada pleito ganha novos eleitores que, vão às urnas expressar, pela primeira vez, suas escolhas. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), entre os dias 14 e 18 de março de 2022 foram emitidos 96.425 novos títulos de eleitor, em todo o Brasil e no exterior, para jovens entre 15 e 18 anos.

No Amazonas, 51.347 adolescentes entre 16 e 17 anos emitiram o título de eleitor nos dois primeiros meses deste ano. Este número, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), representa pouco mais de 32% da população, nesta faixa etária, no Estado. Na leitura do desembargador Eleitoral Luís Felipe Medina, embora a média tenha crescido em relação ao mesmo período de 2021, o aumento de 1,03% é considerado um tanto quanto tímido.

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“Ainda acredito que não haja um interesse tão grande. É justamente por esse motivo que o TSE e os Regionais Brasil afora estão tão empenhados em incentivar o alistamento eleitoral dos jovens. Acredito que o desinteresse não é exclusivo do jovem, mas de boa parte da sociedade, o que acaba por refletir numa parcela da população que precisa, via de regra, do auxílio dos pais ou responsáveis para fazer o alistamento”, pondera o desembargador.

Segundo o TSE, entre os dias 14 e 18 de março de 2022 foram emitidos 96.425 novos títulos em todo o Brasil (Reprodução/Internet)

Comparação

Se, em relação ao ano de 2021, a procura dos jovens para emitir o título de eleitor em 2022 apresentou uma alta, se comparado ao ano de 2020, este mesmo percentual cai 46%. Naquele ano, o Estado do Amazonas registrou 95.135 emissões do documento somente entre janeiro e fevereiro. Para Luís Medina, a pandemia pode ter sido um dos pontos que contribuíram para essa taxa menor que a das últimas eleições.

“A pandemia é um outro fator que pode ter influenciado, uma vez que os serviços públicos ficaram indisponíveis, fisicamente, por um bom tempo. Tribunais e zonas eleitorais fechadas ao público ou com atendimento reduzido acabam por dificultar. Ciente disso, o TSE intensificou sua atuação eletrônica e lançou o sistema titulonet“, pontua o desembargador que orienta como usar o serviço.

“Através do titulonet, o eleitor pode realizar diversos atendimentos, virtualmente, sem a necessidade de comparecimento presencial. Tirar o título (alistamento eleitoral), regularizar, fazer a mudança do domicílio são alguns dos serviços que, atualmente, são realizados totalmente em meio digital”, revela.

Discussão e prática

Medina atenta para a importância do documento e o poder do voto de mudar e melhorar a realidade do País. Segundo o desembargador, o brasileiro discute com frequência sobre política, mas na hora de exercer o ato de cidadania tem deixado de participar.

“Se deixarmos nas mãos de poucos, dificilmente as coisas mudam. Muito se discute sobre política, mas na hora de votar tem-se deixado de participar. É de fundamental importância para o eleitor a participação no processo eleitoral, não apenas na hora de escolher os seus representantes, mas durante todo o processo. O debate, a exposição de ideias e projetos, a cobrança aos detentores de mandato eletivo, tudo isso aprimora a nossa democracia”, conclui.

O aumento das emissões de 1,03% é considerado um tanto quanto baixo pelo TSE (Reprodução/TSE)

Olhar positivo

Na análise da jornalista e mestre em Ciências Políticas Liege Albuquerque, ao contrário do considerado por Luís Medina e pelo TSE, que considera baixa a procura pela emissão do documento entre os jovens, o leve aumento pode ser visto de forma positiva. Ela destaca, inclusive, que quando o assunto é a força jovem aliada à vontade de mudança, o resultado pode ser poderoso.

“O que chamam de tímido, eu acho um bom número e que pode decidir uma eleição presidencial e mais ainda para governo. No conjunto, é um percentual que tem seu valor. Sou muito otimista em relação aos jovens, principalmente, esses jovens que vão antes dos 18 anos tirar o título que não é obrigatório. Convivo com jovens, há quase 17 anos, como professora, e considero que a geração de uns 5 anos para cá está muito mais politizada, até por conta da internet”, avalia a professora universitária que complementa.

“Embora haja uma superficialidade das redes sociais, eles estão muito mais interessados em política. Então, é um movimento que quer mudança e são muito mais conscientes, em relação ao meio ambiente, que este planeta é deles, e acho que estes jovens têm a faca e o queijo na mão para fazer, de fato, algumas mudanças que a gente precisa”, finaliza.

Como e onde tirar o título de eleitor

Além do sistema Titulonet, os novos eleitores podem emitir o documento nos cartórios eleitorais. Vale ressaltar que o cadastro eleitoral precisa ser efetuado com 150 dias de antecedência ao pleito. Segundo o TSE, para emitir o cartão eleitoral é necessário apresentar os seguintes documentos: carteira de identidade, ou carteira de trabalho, ou certidão de nascimento ou de casamento; comprovante recente de residência (original); e certificado de quitação com o serviço militar para os maiores de 18 anos do sexo masculino. A apresentação de Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou do passaporte exigirá complementação documental para suprir os dados necessários à emissão do título.

Caso a opção seja a emissão virtual, é necessário digitalizar o comprovante de residência atualizado, certificado de quitação de serviço militar, para homens de 18 a 45 anos e uma foto tipo selfie segurando um documento de identificação. Para mais detalhes de como emitir o documento de forma online, basta acessar o site e seguir as orientações. O prazo para emissão vai até dia o 4 de maio.

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