Procuradora do TCE-AM é primeira mulher a assumir cargo de chefia no Ministério Público de Contas

Procuradora-Geral de Contas Fernanda Cantanhede Veiga Mendonça, do Ministério Público de Contas (MPC-AM) (Divulgação/TCE)
Eliziane Paiva – Da Revista Cenarium

MANAUS – Acompanhada de amigos, colegas de trabalho, familiares e um público ocupando quase a capacidade máxima do auditório do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE/AM), localizado no bairro Aleixo, Zona Centro-Sul de Manaus, Fernanda Cantanhede Veiga Mendonça, procuradora de contas há 23 anos, tomou posse, na manhã desta terça-feira, 21, do cargo de procuradora-geral do Ministério Público de Contas (MPC) para o biênio 2022/2024.

Nomeada pelo governador do Estado do Amazonas, Wilson Lima, em decreto publicado no Diário Oficial da União, no dia 3 de junho, a procuradora foi destacada pelo presidente do TCE/AM, Érico Desterro, por ser a primeira e “ainda” única mulher procuradora na entidade.

A primeira mulher a exercer um cargo de procuradora do Tribunal, novamente, retorna ao cargo como procuradora-geral. Não temo em afirmar que a nova procuradora trilhará um caminho de independência funcional e de equilíbrio”, ressaltou em discurso o presidente do TCE responsável por empossar a nova procuradora-geral.

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Fernanda Cantanhede Veiga Mendonça empossada como procuradora-geral do MPC (Jander Souza/CENARIUM)

No cargo desde 1999, Fernanda atuou em diferentes áreas, se destacando na coordenadoria de ​”Infraestrutura e Acessibilidade​”​, cargo do qual ocupava até o momento. Cantanhede assume a procuradoria-geral do MPC em sessão ​especial realizada pelo tribunal e ocupará a vaga deixada pelo, então, ex-procurador João Barroso, que esteve​ à​ frente ​do MPC nos últimos quatro anos, tempo máximo permitido em lei para o cargo.

O ex-procurador-geral João Barroso desejou boa gestão à nova procuradora do MPC e destacou algumas das atividades realizadas. “Apesar de termos sofrido o impacto da pandemia, não paramos nesses últimos quatro anos. Fizemos diversas ações e trabalhos no campo do meio ambiente, infraestrutura e acessibilidade, com destaque para o campo da saúde. É com esse espírito público que o MPC se renova com a posse da nova procuradora-geral, Fernanda Cantanhede. Desejamos todo êxito e harmonia possível com os demais poderes e com o Tribunal de Contas do Amazonas”, disse o procurador João Barroso.

Fernanda Cantanhede Veiga Mendonça em discurso como procuradora-geral do MPC (Jander Souza/CENARIUM)

Após assinatura de posse, em discurso, e com voz emocionada, a procuradora destacou que pretende trabalhar a gestão em ações com base no diálogo. “Estamos retomando nossas vidas pessoais e profissionais e, mais do que nunca, há a necessidade de união de todos que estão envolvidos no TCE e no MPC para continuar prestando um trabalho de excelência a todos. Pretendo me doar totalmente para que a gente possa continuar a nossa missão de coibir o desvio do recurso público, para que a gente possa ter uma sociedade que veja o retorno dos seus impostos totalmente aplicados para o bem-estar da sociedade”, destacou a, então, procuradora-geral do Ministério Público de Contas.

‘Ninguém nasce mulher, torna-se mulher

A procuradora iniciou o discurso lembrando que está em um dos cargos mais relevantes da sociedade e, principalmente, sendo ocupado, em sua maioria, por homens. “Nesse cenário, senti-me muito honrada e desafiada a aceitar o cargo que me foi designado, porque a vontade que tenho de contribuir para uma sociedade mais digna e justa está acima do ‘ser mulher”.

Fernanda destacou o quanto se orgulha de ser mulher e relembra que passou por momentos discriminatórios, durante sua jornada, e de intolerâncias por conta do gênero e, mesmo assim, não perdeu o foco e o empenho nos projetos.

“Sempre trabalhei com dedicação para receber o respeito necessário, por isso, agradeço ao governador do Estado, pelo reconhecimento ao meu trabalho e valorização da mulher”, ressaltou.

Emocionada, Fernanda Mendonça usou um trecho da canção “Como é grande o meu amor por você”, de Roberto Carlos, para demonstrar o afeto aos familiares. Em tom assertivo (e de protesto), a procuradora parafraseou Simone de Beauvoir, umas das personalidades francesas que contribuiu nas lutas pela igualdade de gênero para encerrar o discurso: “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher’, finalizou a nova empossada.

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