Com informações Folha de S. Paulo
SÃO PAULO – Supostas mensagens da rede interna usada por procuradores da República, e divulgadas nesta segunda-feira, 1, pelo jornal Folha de S. Paulo, revelam críticas de integrantes do Ministério Público Federal (MPF) em relação à qualidade de um novo celular funcional que passou a ser fornecido aos funcionários da instituição.
De acordo com o jornal, o novo aparelho seria o iPhone SE, lançado em 2016, cujo preço de mercado varia de R$ 2,6 mil a R$ 3,6 mil.
Além do celular, os procuradores que integram o MPF têm direito a um tablet funcional e a um notebook no valor máximo de R$ 4,5 mil. Segundo a reportagem, a troca mais recente do notebook foi feita em 2020. Já um novo contrato da PGR com a Claro, que garante o fornecimento de iPhones do modelo SE, teria sido assinado no fim do ano passado pelo órgão, a partir de licitação em regime de comodato, ou seja, em que não há compra de aparelhos.
Críticas
Cerca de 1,2 mil procuradores e 650 servidores comissionados que usam celulares funcionais receberiam o aparelho, com linhas telefônicas a um custo individual de R$ 219,90 mensais. No entanto, alguns procuradores que se informaram sobre a chegada dos novos celulares teriam publicado inúmeras críticas ao aparelho na rede interna da PGR.
Os procuradores teriam reclamado do tamanho da tela do aparelho, da defasagem em relação às novas tecnologias (5G) e do custo-benefício de um contrato longo, de 30 meses. As mensagens teriam sido dirigidas ao secretário de Tecnologia da Informação e Comunicação da PGR, Darlan Airton Dias, responsável pela gestão dos contratos.
O procurador da República Marco Tulio Lustosa Caminha, que atua no Piauí, teria escrito, em 9 de fevereiro: “É isso mesmo, Darlan? Você acha mesmo que depois de mais de três anos com um iPhone 7, já ultrapassado, processador lento, bateria ruim, tela pequena, vamos aceitar por mais outros 30 meses um iPhone SE? Acho que ninguém aqui é moleque, Darlan”, protestou.
Segundo a reportagem, o mesmo procurador teria dito na mensagem que 40% do trabalho é “feito pelo celular”, e chamou o aparelho de “esmola”. “Não quero esmola. Acho que ninguém aqui quer esmola! Estamos há quase um ano trabalhando de casa, celular, notebook, internet, energia… Que bagunça é essa? Estão querendo nos humilhar? Não aceito humilhação, Darlan. Acho que devemos ser respeitados”, disparou o procurador.
Salários de R$ 100 mil
Contracheques de um dos procuradores que reclamaram do aparelho funcional, disponíveis no sistema de transparência do MPF, registram salários brutos de R$ 102 mil em janeiro. O valor levaria em conta a remuneração básica, 13º salário, um terço de férias e verbas indenizatórias, não sujeitas a abate do teto. Membros do Judiciário e do MPF têm direito a dois meses de férias anuais.