Produtor audiovisual relembra prisão após deixar ‘selva de pedras’ em São Paulo para viver na Amazônia

Em entrevista à REVISTA CENARIUM, João Romano relatou os momentos difíceis que viveu em novembro do ano passado quando foi preso junto com outros voluntários por suspeita de incêndios criminosos (Reprodução/ Arquivo Pessoal)

Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – O produtor audiovisual, João Romano, 28 anos, largou a rotina que tinha na cidade de São Paulo há quatro anos e se mudou para o distrito de Alter do Chão, em Santarém, no Pará. No pequeno vilarejo conheceu a mulher e criou um grupo de voluntários para combater os incêndios florestais na região. Em entrevista à REVISTA CENARIUM, João Romano relatou os momentos difíceis que viveu em setembro do ano passado, quando foi preso com outros voluntários por suspeita de incêndios criminosos.  

Rafael vivia na maior cidade do País onde trabalhava como produtor audiovisual para TV quando, em meados de 2015, decidiu viver uma aventura pelo País. Segundo ele, não fazia mais sentido trabalhar para pagar aluguel, foi quando abandonou o trabalho e viajou em direção ao Norte para constituir uma nova vida. O produtor audiovisual chegou em Alter do Chão, onde se apaixonou pelas belezas naturais.

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“Eu saí com um amigo de moto. O objetivo era vir para Amazônia e ir até o Peru, mas conheci Alter do Chão e logo sabia que aqui era o meu lugar. Rapidamente conheci a minha mulher e, hoje, tenho duas filhas nascidas de parto normal com parteira indígena em casa. E aqui encontrei tudo aquilo que ansiava”, contou Rafael.

Logo quando chegou na região de Santarém, o produtor se deparou com as questões florestais que assolam a Amazônia no verão amazônico. E por encontrar dificuldades no combate aos incêndios em Alter do Chão criou com ajuda de alguns amigos a ‘Brigada de Alter’. Um trabalho feito voluntariamente para ajudar bombeiros da região a combater as chamas.

Momentos críticos

Em setembro de 2019, Romano e mais três voluntários que ajudavam a combater os incêndios florestais na região de Alter do Chão foram acusados pela Polícia Militar de serem os responsáveis pelo fogo – quando justamente estavam entre os que ajudavam a apagar as chamas. A prisão de membros da Brigada de Alter provocou surpresa e indignação na sociedade civil.

“Em novembro fui surpreendido com mandados de busca e apreensão, então pelo nosso trabalho ser muito digno e correto, a gente colaborou entregando celulares, computadores e senhas. E logo depois, chegaram com mandados de prisão preventiva e o que surpreendeu, e muito, o grupo. Foi quando começou todo o filme de terror a partir do momento que foi feita a nossa prisão. A família desabou e foi um colapso geral. Ficamos três dias presos. Foi horrível. Não podia usar livros e nem comer frutas”, desabafou Romano.  

João Romano não imaginava que o caso fosse tomar grandes proporções no País, após a saída da prisão. Ele foi tomar conhecimento de tudo o que aconteceu quando ficou preso. “Nós saímos três dias depois, após o juiz voltar atrás da nossa prisão. O prazo era de dez dias, mas conseguimos sair antes. Para a gente foi uma choque muito grande e a nossa organização só estava começando e até hoje seguimos as medidas cautelares que foram tomadas pela Justiça”, explicou João.   

Alter do Chão

Alter do Chão é um destino turístico popular na Amazônia, conhecido como “Caribe Amazônico”, pela água cristalina e pelas praias fluviais de areia branca. Há décadas, porém, vem sendo um campo de batalha entre conservacionistas e dúbios interesses imobiliários.

De acordo com dados do Departamento de Turismo de Santarém, o balneário, de apenas seis mil habitantes, atrai em torno de 190 mil turistas todos os anos.

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