Produtoras rurais finalizam curso e criam rede de fornecimento sustentável


Por: Fred Santana

18 de outubro de 2025
Produtoras rurais finalizam curso e criam rede de fornecimento sustentável
Oficina final sobre mercado sustentável teve receitas inovadoras com ingredientes regionais (Divulgação/Assessoria | Composição: Paulo Dutra/CENARIUM)

MANAUS (AM) – Cinquenta agricultoras da Região Metropolitana de Manaus concluíram, neste sábado 18, uma capacitação intensiva que prepara mulheres da Amazônia para levar as chamadas Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) diretamente da horta para o mercado consumidor. O encerramento ocorreu no Centro de Treinamento Agroflorestal (CTA), na Área de Proteção Ambiental (APA) Adolpho Ducke.

A formação integra o projeto Cesta Ajuri, promovido pelo Instituto Tera Kuno em parceria com o Instituto Amazônia Socioambiental, com foco em fortalecer a autonomia, a renda e o protagonismo das produtoras por meio da união entre gestão, comunicação e culinária. Durante a conclusão das atividades, foi realizada uma oficina sobre mercado sustentável, conduzida pela chef Letícia Barros, que apresentou receitas inovadoras com ingredientes regionais e discutiu novas possibilidades de comercialização.

Moradora do assentamento Água Branca, Regina Lopes destacou a importância do treinamento em empreendedorismo e do fortalecimento da mulher no campo durante a formação. “Para mim, tem sido fundamental. Agora temos uma base mais sólida e, com essa capacitação, vamos melhorar nossa produção e ampliar as vendas. O projeto Tera Kuno tem sido essencial nesse processo”, afirmou.

Rejane Silva, integrante da Associação do Brasileirinho, também participou do curso voltado à comunidade local. Ela explica que a iniciativa da cesta oferece às mulheres uma nova possibilidade de geração de renda na agricultura familiar e contribui para o cuidado com a saúde das famílias.

Esse curso é muito importante para a comunidade, principalmente para as mulheres. A ideia da cesta é maravilhosa porque abre um novo olhar para as mulheres ter uma nova forma de renda, aumentar a sua renda na agricultura familiar e também cuidar da saúde da sua família”, declarou.

Projeto Cesta Ajuri busca fortalecer a autonomia, a renda e o protagonismo das produtoras por meio da união entre gestão, comunicação e culinária (Divulgação)
Projeto levou conhecimento a produtoras

O projeto estruturou um modelo de venda de cestas agroecológicas no formato B2B, voltado para empresas, restaurantes, escolas, empreendedores culinários e outras instituições. As cestas, compostas por frutas, hortaliças, chás e PANC regionais, são organizadas por associações como Tera Kuno, Associação Produtora Brasileirinho (Aprob), Agriamigos, Karuara e comunidades parceiras.

“Este modelo inovador garante volume, qualidade e regularidade nas entregas, consolidando uma rede de fornecimento sustentável que valoriza a biodiversidade e a manutenção da floresta em pé”, afirmou a coordenadora da Tera Kuno, Nora Hauswirth.

Para ampliar a qualificação das participantes, o projeto também ofereceu oficinas de Logística e Gestão de Vendas com o especialista Thiago Pinto, Marketing Digital – A Jornada da Heroína Agricultora, com a publicitária Abigail Salles, e Técnicas de Vendas com o agroecólogo Alexandre Victor.

A formação foi marcada pelo compartilhamento de experiências, pela colaboração entre comunidades e pelo fortalecimento da agricultura familiar. “Foi um dia maravilhoso, estamos juntos aprendendo aquilo que a gente não sabe”, destacou Lana, uma das participantes. “Eu acho que são oportunidades assim que nós precisamos”, reforçou a presidente da Aprob, Silvia Serra Rodrigues.

A etapa final contou ainda com a orientação do professor Moisés Andrade, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), sobre o uso da plataforma Agriconect, e a participação da professora de economia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Girlian Silva de Sousa, integrando produção, gestão e acesso ao mercado em um mesmo processo formativo.

Formação foi marcada pelo compartilhamento de experiências, colaboração e pelo fortalecimento da agricultura familiar (Divulgação)
O que são PANC

As Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) são espécies vegetais com alto valor nutricional e potencial gastronômico que, apesar de comestíveis, não fazem parte do consumo habitual da população. De acordo com publicações da Embrapa, muitas dessas plantas são nativas da região e apresentam resistência climática, podendo ser cultivadas com menor uso de insumos e menor impacto ambiental.

As PANC contribuem para a segurança alimentar, diversificam a dieta, preservam a biodiversidade e resgatam saberes tradicionais. Entre as variedades mais conhecidas estão ora-pro-nóbis, beldroega, jambu e taioba, utilizadas em saladas, farinhas, pães, molhos, pizzas e preparos culinários criativos, valorizando a floresta como fonte de alimento e conhecimento.

Plantas PANC são espécies vegetais com alto valor nutricional, mas que não fazem parte do consumo habitual da população (Divulgação)
Instituto Tera Kuno

O evento ocorreu no Centro de Treinamento Agroflorestal, gerido há cinco anos pelo Instituto Tera Kuno, que se tornou referência em educação ambiental, com mais de três mil pessoas impactadas em cerca de 220 cursos em parceria com instituições como o Instituto Federal do Amazonas (IFAM) e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Em três hectares, o espaço abriga hortas pedagógicas, sistemas agroflorestais e atividades do projeto Arte & Escola na Floresta, unindo arte, sustentabilidade e alimentação saudável. O trabalho recebeu reconhecimento do Ministério do Meio Ambiente com o selo “Sala Verde”.

Leia mais: Pesquisa apoia alternativa de alimentação nutritiva e saudável à base de Pancs
Editado por Jadson Lima

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