Professores da rede estadual protestam contra medidas do Governo do Pará


Por: Fabyo Cruz

19 de agosto de 2024
Professores protestam contra Governo do Pará (Fabyo Cruz/CENARIUM)
Professores protestam contra Governo do Pará (Fabyo Cruz/CENARIUM)

Fabyo Cruz – Da Cenarium

BELÉM (PA) – Professores vinculados ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp) realizaram um protesto para denunciar medidas recentes adotadas pelo governo do Estado e pela Secretaria de Educação (Seduc) que, segundo eles, prejudica a categoria e compromete a qualidade do ensino. O ato, marcado por um “apitaço”, ocorreu durante a abertura da 27ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, realizada no último sábado, 17, no Hangar Centro de Convenções, em Belém.

Os educadores afirmam que o governo estadual está retirando as aulas suplementares – que, de acordo com os manifestantes, não são consideradas horas extras, mas uma jornada de trabalho extrapolada – dos professores aposentados e readaptados que ainda aguardam a aposentadoria. Além disso, eles denunciam que o governo estaria manipulando os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) para promover uma aprovação em massa dos estudantes, sem a devida avaliação do conhecimento.

O protesto, marcado por um “apitaço”, ocorreu na abertura da 27ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes (Fabyo Cruz/CENARIUM)

No início do protesto, os manifestantes enfrentaram resistência por parte dos seguranças do Hangar, que tentaram impedir a entrada do grupo. No entanto, com o uso de cartazes e gritos de ordem, os professores conseguiram adentrar o espaço e realizar o ato dentro do local onde ocorre a Feira Pan-Amazônica.

O secretário-geral do Sintepp, Mateus Ferreira, declarou à CENARIUM que o sindicato está protestando contra o que ele descreve como “ataques” do secretário de Educação do Estado do Pará, Rossieli Soares, em conjunto com o governador Helder Barbalho, à categoria dos professores. “Ele está retirando as aulas suplementares, que não são horas extra, são jornada de trabalho extrapolada de todos os professores aposentados, que estão guardando a aposentadoria e os readaptados”, afirmou Ferreira.

O dirigente sindical também denunciou que o Ideb do Pará estaria sendo manipulado. Segundo Ferreira, o regimento escolar foi alterado no ano passado, permitindo a aprovação automática de todos os alunos, o que, segundo ele, compromete a real mensuração do conhecimento dos estudantes e, consequentemente, os dados do Ideb. “Isso influencia diretamente no Ideb”, pontuou.

Sobre as próximas ações do Sintepp, Ferreira anunciou que o sindicato pretende intensificar a mobilização. Um novo protesto está marcado para o dia 21 de agosto, em frente à sede da Seduc. “Nós estamos denunciando isso para o conjunto da sociedade, e a gente segue lutando […] a gente não pode se submeter a tamanho ataque que está sendo feito. Feito por meio do Rossieli com a autorização do Helder”, finalizou o dirigente.

Salto no Ideb

Os dados do Ideb, divulgados em 14 de agosto, revelam uma mudança significativa na educação do Pará. O índice leva em consideração o aprendizado dos alunos em matemática e português, medido pela prova Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), além do fluxo de aprovação, que avalia a taxa de promoção e retenção dos estudantes em escolas públicas e privadas.

Conforme o resultado do levantamento, o Pará, que ocupava a penúltima posição (26º lugar) no Ensino Médio em 2021, subiu para a 6ª colocação em 2023. Nesse período, o Ideb da rede estadual registrou um aumento de 3 para 4,3 pontos, em uma escala que vai de 0 a 10.

A CENARIUM solicitou um posicionamento sobre o caso à Seduc, no entanto, até a conclusão desta reportagem não houve retorno.

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Editado por Adrisa De Góes
Revisado por Gustavo Gilona

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