Professores do Pará suspendem greve, mas devem paralisar novamente
Por: Mayra Leal
10 de fevereiro de 2025
Profissionais de Educação em greve (Foto: Fabyo Cruz/CENARIUM - Composição Paulo Dutra/CENARIUM)
BELÉM (PA) – Em assembleia realizada na manhã desta segunda-feira, 10, o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação Pública do Pará (Sintepp) decidiu pela suspensão da greve na rede estadual de ensino do Estado.
Os professores estavam em greve desde 23 de janeiro, em protesto contra a lei 10.820/2024, que altera a carreira do magistério no estado e é alvo de críticas de movimentos e entidades que representam os povos originários. Os educadores também reivindicavam exoneração do atual Secretário de Educação do Pará, Rossieli Silva.
Veja o momento do anúncio de supensão da greve:
O Sindicato, porém, também decidiu na assembleia que a categoria irá paralisar novamente no dia 18 de fevereiro, data prevista para o Projeto de Lei da revogação ser votado na Alepa, de acordo com a coordenadora do SINTEPP, professora Conceição Holanda.
“Nesse dia a categoria vai para ato frente da Alepa, aguardando a votação dos deputados. É isso, a categoria suspendeu a greve, mas se mantém na luta, inclusive pela exoneração do Rossieli”, destaca Conceição.
À CENARIUM, a coordenadora do SINTEPP explicou que decidir pela suspensão a suspensão foi um dos compromissos firmados pelo sindicato para revogação da lei, e explicou os motivos pelos quais a categoria deve manter-se em greve.
“Vamos manter a base em mobilização, na luta, trabalhando a possibilidade, inclusive, da formulação de uma nova lei. Também vamos encaminhar, conforme o acordo estabelece, cinco representantes para formar essa comissão que deverá debater o novo projeto de lei, para que dê conta de algumas pendências que porventura o governo queira modificar”, disse.
“Temos que estar atentos àquilo que está assegurado nas legislações anteriores, como o plano de carreira, que nós tínhamos até dezembro de 2024”, explicou a coordenadora.
O termo assinado na semana passada não entra em acordo sobre a saída do atual Secretário de Educação do Pará, Rossieli Silva, de quem o movimento pede a exoneração. Após a votação que decidiu pela suspensão da greve, os professores puxaram em coro o grito de “Fora Rossieli”.
Movimentos indígenas discordam sobre a suspenção da greve
O movimento que ocupa o prédio da Secretaria de Educação, há quase um mês, é liderado por professores, povos indígenas e comunidades quilombolas, e vários movimentos sociais. Alguns deles discordam que a greve seja suspensa e reforçaram que só deixarão o espaço quando a lei for revogada e publicada.
Para o Movimento Some Pará, que luta pela permanência do Sistema Modular de Ensino, aplicado em locais remotos, a decisão de suspender a greve dos professores foi precipitada.
“Nós compreendemos que existe um acordo assinado, mas compreendemos também que o movimento indígena permanece na ocupação, ainda que dentro do termo esteja colocado a saída do movimento indígena. No início dessa gestão do governo Helder já houve uma assinatura, já houve uma pactuação com o Sintepp que não foi cumprida. Inclusive fomos recebidos com bala de borracha nesta lei que em três dias eles aprovaram as surdinas às vésperas do recesso”, respondeu o Some à CENARIUM por meio de nota.
“Então nós do Some Pará, permaneceremos lutando, porque nós não nos sentimos seguros. A gente acha que isso abre uma porta para o governador enfraquecer o movimento”, disse o movimento em resposta à CENARIUM.
Já outras lideranças indígenas, como Auricelia Arapiun, afirmam que o fim da greve dos professores não prejudica o movimento.
“Assim como nós tomamos a decisão de não sair imediatamente daqui, antes da publicação da revogação da lei no Diário Oficial, o SINTEPP também têm todo o direito de decidir sobre suas pautas. A luta vai continuar por uma educação de qualidade, que respeite a diversidade e que respeite os servidores da educação. No dia 18, dia da votação, temos certeza que nós estaremos juntos numa marcha por essa grande vitória”, destacou para a CENARIUM.
Entenda
A ocupação da Seduc começou em 14 de janeiro, em protesto contra mudanças na carreira do magistério. O governo nega prejuízos à educação indígena, mas os manifestantes exigem a revogação da lei e a retomada do diálogo. Após pressão de movimentos sociais indígenas e pedidos de esclarecimento da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), assinou o Termo de Compromisso para a revogação da Lei 10.820/2024, no dia 5 de fevereiro.
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