Profissionais explicam benefícios de projeto que exige fisioterapeutas em CTIs por tempo integral
20 de junho de 2020
Conforme especialistas, a presença de um fisioterapeuta em tempo integral é um avanço na proteção da saúde (Reprodução/Internet)
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
MANAUS – Com o adiamento no Senado Federal do Projeto de Lei (PL) 1.985/2019, que determina a permanência obrigatória de fisioterapeutas, em tempo integral, nos Centros de Terapia Intensiva (CTIs), profissionais da área destacam a importância da aprovação da medida.
Para o fisioterapeuta Arleson Maklouf, de 26 anos, especialista em reabilitação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e reabilitação cardiopulmonar, a medida garante a mobilização do paciente, além de retardar ou evitar danos neurológicos em CTIs.
Arleson Maklouf, fisioterapeuta
“Cada hora do paciente em estado crítico, sem acompanhamento, pode se acarretar em danos para o corpo e a mente do mesmo. Não tem como não dizer o quanto se faz necessário um acompanhamento fisioterapêutico por 24 horas”, enfatizou.
Segundo ele, o Projeto de Lei também pode contribuir para a diminuição de sequelas em pacientes. “Se a Lei já estivesse em vigor, sequelas em pacientes poderiam ser evitadas há muito tempo”, pontuou.
Cuidados essenciais
Maklouf explica que os cuidados com a biossegurança redobraram durante a pandemia, seguindo todas as normas impostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A cada troca de paciente, o ambiente de atendimento e os materiais usados são esterilizados, sendo o uso do álcool em gel frequente e o de máscara obrigatório.
“O atendimento fisioterapêutico é necessário sempre e, principalmente, quando o paciente tem uma patologia que pode influenciar até nas suas atividades diárias, como os neurológicos, cardiopatas, ou algum paciente com alguma alteração mioperiarticular grave, pois cada semana sem realizar sua fisioterapia é um progresso da patologia e um grande regresso em sua recuperação”, explicou.
Projeto
O PL, que foi retirado de pauta no último dia 9, é de autoria da deputada Margarete Coelho (PP-PI). Se aprovado sem mudanças no Senado, o texto seguirá para sanção da Presidência da República.
Para o senador Weverton (PDT-MA), a presença de um fisioterapeuta em tempo integral é um avanço na proteção da saúde.
“Nós sabemos a força dos proprietários de hospitais, mas iremos pedir logo a votação da matéria. Se quiserem, nos derrotem no voto”, declarou Weverton à Agência Senado.
Fisioterapia respiratória
De acordo com a fisioterapeuta intensivista Lauriê Renata de Oliveira, a fisioterapia respiratória desempenha um importante papel com a Covid-19, contribuindo para atenuar os sintomas ocasionados pela doença.
Renata explica que a atuação ocorre em vários âmbitos, desde a participação na equipe multidisciplinar prestando assistência ao paciente grave (intubação, ventilação mecânica e mudanças de decúbito), até em condutas de terapia para remoção de secreção brônquica (que leva o ar ao pulmão) e melhora da função respiratória.
Segundo a fisioterapeuta Lauriê Renata de Oliveira Reis, a fisioterapia é essencial no ‘pós-Covid-19’
“Ela atua desde o âmbito hospitalar com a equipe multidisciplinar até no ‘pós-Covid-19’, na melhora da função respiratória por meio de condutas de mobilização que visam preservar, ou melhorar a integridade, a Amplitude de Articulação do Movimento (ADM), assim como a força muscular”, pontua.
Após a hospitalização, diz a especialista, o paciente se sente fragilizado na função pulmonar, e a fisioterapia atua no fortalecimento da musculatura respiratória com séries de exercícios como o domínio da própria respiração.
“Afinal, em uma respiração adequada o paciente usa o diafragma, ajudando a promover o relaxamento desse paciente e também na oxigenação corpórea. Outros exercícios, como a inspiração fracionada, técnicas de respiração abreviada, têm o objetivo de melhorar a capacidade cardiopulmonar”, finaliza a fisioterapeuta.
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