Profissionais que operam máquinas médicas devem ser prioridade na vacina da Covid-19, diz entidade

No País, somam cerca de 3.000 profissionais que atuam diariamente dentro de clínicas e hospitais, sejam públicos ou privados (Reprodução/Divulgação)

Com informações da FolhaPress

SÃO PAULO – Desde janeiro de 2021, a Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia em Produtos para Saúde (Abimed) tem pleiteado junto às instâncias governamentais, inclusive secretarias estaduais de saúde, que acrescentem entre os grupos prioritários para vacina contra a Covid-19 os técnicos e os engenheiros que trabalham na instalação, operação e manutenção de dispositivos e equipamentos médicos –respiradores, ventiladores, tomógrafos e camas hospitalares de UTIs.

No País, somam cerca de 3.000 profissionais que atuam diariamente dentro de clínicas e hospitais, sejam públicos ou privados. A entidade também buscou dialogar com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems) do Estado de São Paulo. “Eles [os funcionários] estão muito expostos. Destes 3.000, contamos mais de 20% contaminados pelo coronavírus e com óbitos, o que é pior ainda”, explica Fernando Silveira Filho, presidente-executivo da Abimed.

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O especialista em equipamentos médicos, Marcus Vinicius Barone Dalvio, 43, faz manutenção em tomógrafos e diariamente está em ambiente hospitalar. Em fevereiro deste ano, contraiu o coronavírus, desenvolveu a forma leve da doença e passou à esposa. Ele acredita ter sido infectado no trabalho.

“Aqui em casa, seguimos todos os protocolos, fazemos uso de máscaras e álcool em gel e respeitamos o distanciamento social. Não recebo visitas”, afirma.

“Em pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19 que esteja com falta de ar, o primeiro exame que os médicos solicitam é a tomografia do tórax para ver se houve comprometimento do pulmão, e é neste ambiente que a gente vive o dia a dia. Mesmo usando todos os equipamentos de proteção individual que a empresa fornece, eu me sinto inseguro, porque é um ambiente onde todos os técnicos do hospital são vacinados porque sabem do risco que há no ambiente e a gente chega lá sem vacina”, diz.

“Quando você tem um grupo restrito, se imaginar uma ruptura de atendimento por esses funcionários, haverá problema de operações nos hospitais. É um pessoal altamente qualificado. São muito treinados e a função exige um domínio pleno dos equipamentos, principalmente por aqueles que operam. Na fase inicial de treinamento, não saem a campo antes de 90 dias”, diz Filho.

Outro argumento da Abimed é que os profissionais também podem representar risco. “Na medida em que precisam ingressar nas dependências dos hospitais, ficam em contato com inúmeras outras pessoas”, completa Filho.
Dois parlamentares se mobilizaram em prol da causa. O deputado estadual Frederico d’Ávila (PSL/SP) indicou à Secretária Estadual da Saúde de São Paulo a inclusão dos funcionários na campanha de vacinação.

O deputado federal Pedro Westphalen (PP/RS) criou o projeto de lei 1345/2021 para condicionar o grupo à priorização no PNI (Programa Nacional de Imunização).

Pedido semelhante fez José de Ribamar Oliveira Filho, presidente do Conselho Federal de Química, para os profissionais que representa. A categoria atua na radiologia, segurança do trabalho, lavanderia hospitalar, tratamento de água hospitalar e de efluentes, higienização e gerenciamento de resíduos gerais de hospitais universitários e análises clínicas e em pesquisas técnicas e biológicas, e segurança biológica.

“Entendemos que o conceito de promoção da saúde não pode se restringir às atividades clínicas e/ou hospitalares, em que pese nessas áreas o profissional da química tenha relevante participação, inclusive como protagonista, pois os bioquímicos possuem responsabilidade técnica por laboratório de análises clínicas, como também atuam como coadjuvantes, que salvam vidas, em atividades primordiais para o combate de pandemias, como a atual por qual passamos”, afirma trecho do ofício.

Junto com os químicos, os cientistas que atuam no desenvolvimento de vacinas, medicamentos, diagnósticos, testes e análises laboratoriais não foram incluídos como grupos prioritários.

Os pesquisadores que conseguiram ser vacinados até agora o foram por meio de acordos locais, entre as universidades e os municípios. Mas, na falta de uma política clara que os coloque como prioritários, a maioria segue sem imunização.

Um abaixo-assinado lançado recentemente por cerca de mil pesquisadores pede atenção dos governos federal, estadual e municipal e que inclua essas categorias no PNI.

O Ministério da Saúde esclarece que a seleção de grupos prioritários para a vacinação contra a Covid-19 foi definida por especialistas na área e compactuada com várias entidades, como o Conass e o Conasems.

“Neste momento, a campanha prioriza grupos com maior risco de internação por complicação da doença e de óbito. À medida que a vacinação avançar, novos grupos serão contemplados”, afirma parte da nota.

No caso de trabalho em unidade de saúde, o ministério orienta o reforço das medidas protetivas, como uso de EPIs durante a permanência e trânsito no local e higienização das mãos no decorrer da prestação do serviço.

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