Projeto instala sistema de energia solar em comunidade ribeirinha no Amazonas

Equipamento de energia solar (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

IRANDUBA/AM – O dia 15 de junho de 2021 vai ficar marcado na história das 32 famílias que moram na Comunidade Santa Helena dos Ingleses, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, município de Iranduba, na Região Metropolitana de Manaus (RMM). É que depois de 32 anos convivendo com o vai e vem na energia elétrica, os moradores finalmente vão ter o serviço 24 horas por dia e sem interrupções.

O benefício foi viabilizado pelo projeto “Sempre Luz”, resultado da parceria entre a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e a empresa Unicoba da Amazônia S.A, que implantou o sistema de energia solar na comunidade ribeirinha. Santa Helena do Ingleses é a primeira comunidade do Brasil em que todas as casas, propriedades privadas, igrejas, centro comunitário e escola são abastecidas pela energia solar.

Assistir à TV, um sonho antigo

Na casa do seu Dorval Rodrigues, que mora com a esposa e dois enteados na comunidade há 10 anos, tem apenas dois eletrodomésticos: um freezer e um ventilador. Com a chegada da energia solar ele vai conseguir realizar um sonho antigo: comprar uma TV para acompanhar o noticiário nacional.

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“Agora eu vou poder comprar uma televisão para assistir aos programas que eu e minha família gostamos e também uma geladeira, porque, agora, com energia direta aqui na comunidade, vamos poder fazer isso”, revela o agricultor de 37 anos.

A casa de Dorval Rodrigues é uma das 36 residências que vão receber energia provida do sistema solar (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Mais qualidade de vida

Para o presidente da associação comunitária, Nelson Brito, o serviço vai beneficiar ainda mais os moradores. A partir de agora eles passam a ter mais saúde, qualidade de vida, assim como incentivo à economia e à educação. “Trabalhamos com o turismo e com a agricultura familiar e ter energia todos os dias vai nos auxiliar bastante. Vai ser bom para a educação e a saúde, muitas das vezes essas atividades sofriam pela falta de energia”, contou o líder comunitário.

Sempre Luz

A supervisora da Coordenação de Gestão do Conhecimento da FAS, Nelise Lima, explica que o acesso à energia em comunidades isoladas do Amazonas sempre foi associado a sistemas ineficientes movidos à diesel com um alto custo de funcionamento.

“Essa é geralmente uma energia de má qualidade, disponível em horários reduzidos e vulneráveis ao funcionamento do gerador, que quando falha deixa a comunidade sem qualquer tipo de energia. A viabilidade física e econômica para o fornecimento de energia para estas comunidades, por meio do sistema de linhões é praticamente inviável”, contextualiza.

Mesmo nas localidades onde há o programa Luz para Todos são recorrentes as quedas de energia por causa de árvores que caem em cima da linha, tornando o custo de manutenção ainda mais alto. Para trazer uma solução, nasceu o projeto ‘Sempre Luz’. “O projeto da FAS e Unicoba servirá como base para o desenvolvimento de um modelo de negócios para soluções energéticas sustentáveis e inovadoras, que vai atender regiões remotas da Amazônia”, afirma Nelise.

Sistema

Os sistemas de geração solar são compostos por 132 painéis solares e 54 baterias de lítios com armazenamento de energia. Eles usam tecnologias avançadas de bateria de lítio e sistema de monitoramento para aplicação em comunidades remotas. Deste modo, será possível observar e quantificar as vantagens do uso do lítio para sistemas de geração e armazenamento de energia.

“As baterias de lítio apresentam vantagens em relação à bateria de chumbo, que são largamente usadas para sistemas solares hoje. O material é menos agressivo, com maior durabilidade, segurança e a tecnologia embarcada permite o monitoramento remoto e a garantia de seu correto funcionamento. O projeto pretende avaliar e documentar esses atributos como forma de validar os benefícios na utilização dessa tecnologia”, finaliza a supervisora.

Expansão

De acordo com o presidente da FAS, Virgílio Viana, o objetivo é instalar, até dezembro de 2021, quatro sistemas fotovoltaicos e desenvolver soluções que permitam analisar técnica e economicamente os modelos que servirão para o atendimento das localidades.

“As demais comunidades que receberão o projeto Sempre Luz são o Núcleo de Educação da comunidade Boa Frente, na RDS do Juma, em Novo Aripuanã; a unidade de beneficiamento de óleos vegetais e açaí da comunidade do Bauana, na RDS de Uacari, em Carauari; e o Polo de Saúde na comunidade indígena Munduruku, em Borba”, adiantou.

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