Projeto mapeia religiões e povos de matriz africana em Mato Grosso


19 de julho de 2024
Projeto mapeia religiões e povos de matriz africana em Mato Grosso
O Bàbálòrìsà Jupirany de Odé junto à Àṣẹ àláketú ilé Ifòrítì - Tenda Espírita Caboblo 7 Flechas (Composição de Weslley Santos/CENARIUM)
Davi Vittorazzi Da Cenarium

CUIABÁ (MT) Um projeto executado pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e a Federação de Umbanda e Candomblé está mapeando as religiões e povos tradicionais de matriz africana no território mato-grossense. Os trabalhos começaram no ano passado e visam trazer um panorama das religiões e populações desse segmento.

Em Cuiabá, o projeto realizado é divido por regiões. Nesse sábado, 20, as ações serão na região norte da cidade. A concentração acontece na unidade Àṣẹ àláketú ilé Ifòrítì – Tenda Espírita Caboblo 7 Flechas, no Bairro Flamboyant. Na capital, já foram mapeados 60% na cidade, enquanto no Estado o percentual é de cerca de 30%.

A expectativa dos organizadores do evento é reunir representantes de pelo menos 80 casas espíritas de Mato Grosso. Conforme os organizadores, o objetivo é mapear os povos e comunidades tradicionais, assim como identificar seus principais problemas, reivindicações e as formas de uso e acesso aos recursos naturais.

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Bàbálòrìsà Jupirany de Odé colabora com o levantamento em Cuiabá (Divulgação)

“É muito bem-vinda a iniciativa, tanto do Ministério da Cultura quanto também da Unemat, em estar fazendo esse tipo de trabalho. Por conta disso que nós vamos ter mais facilidade de encontrar as casas, e também o Poder Público vai poder também ter uma dimensão de como pode agraciar essas entidades, as casas, esses tempos religiosos com projetos. Vai ter como direcionar melhor os projetos culturais”, explica o Bàbálòrìsà Jupirany de Odé à CENARIUM.

Conforme ele, mais do que um mapeamento, a iniciativa é um censo que identifica onde estão os povos de matriz africana no Estado. “Mostra quem somos e como estamos. Sei que é muito importantes tanto para Poder Público quanto também para nós, que somos da religião, que temos casas”, afirma.

Patrimônio de Mato Grosso

Em 2022, uma lei sancionada declarou as religiões de matriz africana e afro-brasileiras como Patrimônio Cultural de Mato Grosso, com o objetivo de reconhecer a influência desses tipos de fé no Estado.

O texto da lei destaca que nos séculos 18 e 19 existiram três eixos de acesso à região e entrada de pessoas escravizadas em Mato Grosso. Um delas era a Rota de Tropeiro, chamada Estrada de Terra da Chapada dos Guimarães; a segunda era a Carreira Sul, no traçado monçoeiro que partia do Rio de Janeiro e São Paulo por meio do Rio Tietê; e uma última rota, chamada Carreira Norte, que ia do Grão-Pará até o atual município de Vila Bela da Santíssima Trindade.

Por essas rotas, cerca de 30 mil negros africanos foram trazidos à força e submetidos à escravidão nas vilas e povoados de Mato Grosso. A riqueza cultural e as tradições do Estado foram profundamente transformadas pela religiosidade dessas pessoas.

Editado por Adrisa De Góes
Revisado por Gustavo Gilona

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