Protesto questiona hospital por negar atendimento a mulher por suspeita de aborto
Por: Marcela Leiros*
19 de outubro de 2025
MANAUS (AM) – Dezenas de mulheres participaram de protesto, na terça-feira, 14, em frente ao Hospital e Maternidade Tricentenário, no Bairro Novo, em Olinda (PE), onde a chef de cozinha Paloma Alves Moura morreu após a unidade de saúde negar atendimento por suspeita de aborto. Com faixas e cartazes, o grupo pediu justiça e se posicionou contra a violência obstétrica.
Paloma morreu no último dia 8 de outubro, na unidade de saúde. Segundo informações, ela passou o dia sangrando intensamente enquanto aguardava o resultado de um exame de gravidez. Amigas que a acompanhavam acusam o centro de saúde de negligência, tendo postergado exames sob suspeita de aborto induzido.

Os cartazes do protesto traziam frases como “basta de violência obstétrica”, “quantas mais irão morrer?”, “poderia ser qualquer uma de nós” e ainda “e se fosse aborto, Paloma merecia morrer?”. O Tricentenário pertence à Unidade da Santa Cruz, da Congregação Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, grupo católico de atuação internacional.
Entenda o caso
A chef de cozinha Paloma Alves Moura morreu no último dia 8 de outubro após passar cerca de dez horas com sangramento sem receber atendimento adequado, no Hospital e Maternidade Tricentenário, em Olinda (PE), afirmam amigas, familiares e ativistas que denunciam que a demora no socorro ocorreu porque a equipe médica suspeitou de um aborto induzido.

Segundo relatos da amiga de Paloma, identificada como Thaís Leal, de 40 anos, a vítima deu entrada na unidade de saúde entre 7h e 8h da manhã, com dores intensas e hemorragia causada por miomas uterinos. “Hoje faz exatamente uma semana que ela faleceu. Ela deu entrada no hospital entre 7h e 8h com muita dor e um sangramento intenso”, contou Thaís.
A amiga afirmou que, por volta das 14h, pediu para que a amiga fosse levada a outro hospital, mas ouviu da equipe que a transferência só seria feita após o resultado de um exame beta HCG, que confirmaria se Paloma estava grávida ou não. O resultado, segundo ela, demoraria de 3h a 4h. “Disseram que só poderiam transferir depois do exame. Eu disse: mas ela não está grávida”, explicou.
O Hospital e Maternidade Tricentenário afirmou que uma paciente deu entrada na quarta-feira, 8, na Emergência Obstétrica, informando, na admissão, que tinha histórico de sangramento há cerca de 15 dias e miomatose uterina, e que após avaliação médica com especialista, foi internada e medicada. Com a realização de exames, foi constatada queda acentuada da hemoglobina.
Além disso, a instituição médica afirmou que foi solicitada a transferência da paciente para uma unidade de maior complexidade, mas que Paloma apresentou piora no quadro clínico e instabilidade, evoluindo para uma cardiorrespiratória. A vítima foi transferida para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde foram realizadas manobras de animação pela equipe,mas ela não resistiu e faleceu por volta das 19h.
“O corpo foi encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbitos, cujo laudo, recebido na sexta-feira, 10, não apresentou conclusões definitivas quanto à causa da morte”, afirmou o hospital.