Protetora faz apelo para salvar abrigo e manter permanência de 250 animais em Manaus

O local passa por dificuldades financeiras há meses (Reprodução/arquivo pessoal)

Priscilla Peixoto – Da Cenarium

MANAUS – Com quase 250 cães, o abrigo mantido pela autônoma Tânia Mussa, de 63 anos, conhecida como protetora dos animais, continua na iminência de fechar as portas por falta de estrutura para manter a quantidade de animais abrigados na residência dela, localizada no bairro Monte das Oliveiras, zona Norte de Manaus.

Em fevereiro deste ano, a CENARIUM publicou uma matéria mostrando a difícil situação financeira e estrutural do abrigo que, na época, tinha mais de 300 animais abrigados. “Nada mudou, só piora a cada dia, as doações estão cada vez mais difíceis e estou desesperada, pois eles dependem desse trabalho de acolhimento”, conta Tânia Mussa.

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Apesar da leve diminuição da quantidade de cães no abrigo, a protetora dos animais revela que os gastos não diminuíram e as despesas continuam as mesmas. Recentemente, ela obteve ajuda em uma espécie de “vaquinha virtual” e, segundo Tânia, o auxílio arrecadado foi empregado nas dívidas realizadas em função do local.

“Por mês, tenho custos que chegam à quase R$ 16 mil. Só de ração eu gasto R$ 9 mil, de aluguel R$ 1.700, além dos funcionários R$ 4.500. Tem material de limpeza, xampus, carrapaticida, além dos remédios para os idosos e para aqueles que estão sempre em tratamento. Sem contar com clínica veterinária, táxi dog e outras ações necessárias para que eles fiquem bem”, explica Tânia.

O local abriga mais de 250 cães em Manaus (Reprodução/Arquivo pessoal)

Abandono e maus-tratos

Há 32 anos dedicando a vida para as causas animais, a autônoma conta que já testemunhou cenas que ficaram marcadas na memória ao recolher cães em situação de abandono nas ruas de Manaus. “Muitos deles foram resgatados em estado crítico no meio da rua, outros foram deixados aqui para que eu pudesse cuidar, é assustador como as pessoas abandonam e maltratam os animais”, comenta a responsável pelo abrigo.

Em relação a possíveis adoções, Tânia ressalta a dificuldade constante enfrentada por ela para que os cachorros ganhem uma nova família. De acordo com ela, o principal motivo é a aparência física e até mesmo os problemas de saúde que alguns animais possuem por conta de longos períodos abandonados nas ruas da cidade.

“Difícil alguém querer um sequelado, aleijado, com problemas de pele, com câncer, epilético. Enfim, já aconteceu de duas pessoas ficarem, inclusive, uma foi uma cadelinha que não tinha o braço e outra pessoa adotou um animal que a face tinha um buraco. Tudo é possível, mas é mais difícil a adoção nesses casos”, conta a cuidadora.

Proteção garantida por lei

A Constituição Federal (CF) de 1988 afirma que o poder público deve proteger os animais por meio de leis. E quem maltratar os animais é enquadrado no art. 32 da Lei 14.064/20, com pena, varia de dois a cinco anos de prisão, além da proibição da guarda do animal e pagamento de multa.

A lei altera o texto da lei de crimes ambientais (lei 9.605/98) e foca especificamente em cães e gatos, comumente domesticados e principais vítimas de maus-tratos. Abandonar, espancar, mutilar, envenenar, não abrigar do sol, da chuva e do frio, prender permanentemente em correntes, não oferecer água e comida diariamente são alguns exemplos de maus-tratos.

Como ajudar?

Aos interessados em ajudar o abrigo, é só entrar em contato pelo telefone ou WhatsApp: (92) 9326-1399 ou fazer um PIX para o mesmo número. Além disso, o interessado também pode acompanhar a prestação de contas das doações e entrar em contato com o abrigo por meio da rede social Instagram @protetora.taniamaussa47.

Doações de materiais de limpeza e produtos de higiene para animais também são bem-vindos, além das rações, principal item em falta atualmente no abrigo e, segundo a responsável pelo local, o consumo diário é 60 kg a 70 kg de alimentos.

“Hoje nem sei como fazer, eles não têm praticamente nada para comer. A maioria da ajuda, em média 30% que chega até o abrigo, vem de amigos mais próximos, mas nem sempre eles têm para doar. Qualquer ajuda é bem-vinda. Reluto em fechar esse espaço, porque essa é minha missão e eles precisam disso, se fechar o abrigo, o que será desses animais?”, questiona a protetora.

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