‘Quando serão condenados os mandantes?’, questiona pai de Marielle Franco


Por: Letícia Misna

31 de outubro de 2024
A família de Marielle Franco (Divulgação)
A família de Marielle Franco (Divulgação)

MANAUS (AM) – Antônio Francisco da Silva Neto, pai de Marielle Franco, questionou nesta quinta-feira, 31, quando os mandantes dos assassinatos da ex-vereadora do Psol e do motorista dela Anderson Gomes serão condenados. A declaração ocorreu em uma coletiva de imprensa realizada após o término do julgamento dos autores do crime, ocorrido na noite de 14 de março de 2018, no Rio de Janeiro.

Nesta quinta-feira, 31, o 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro condenou os réus Élcio Queiroz e Ronnie Lessa. A pena de Ronnie Lessa chega a 78 anos e 9 meses de prisão, enquanto Élcio foi condenado a 59 anos e 8 meses. O julgamento teve início na quarta-feira, 30, com depoimentos das testemunhas e dos réus.

“Se a Justiça não tivesse condenado esses assassinos cruéis, não teríamos um minuto de sossego. Agora a pergunta que nós vamos fazer é: Quando serão condenados os mandantes?”, questionou Antônio.

Em colaboração premiada, Ronnie Lessa apontou como mandantes do assassinato da então vereadora os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro e deputado federal, respectivamente. Os dois estão presos preventivamente desde março de 2024, após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

A viúva de Marielle, vereadora Monica Benicio, ressaltou que “Marielle foi assassinada pelo que defendia, pelo que lutava para derrotar e para defender a democracia”. Para ela, pelo fato de Marielle “ser uma mulher negra, favelada, os assassinos acharam que seu corpo era descartável”.

A irmã de Marielle, Anielle Franco, atual ministra do Ministério da Igualdade Racial, também falou à imprensa. Ela destacou que a decisão de hoje foi “um pedaço da resposta”, além de ser “um grito que estava guardado em suas gargantas”.

“O maior legado que a Marielle deixa pra esse país é a prova de que mulheres, pessoas negras, faveladas, quando chegam em seus postos merecem permanecer vivas. Quando assassinaram a minha irmã com aqueles quatro tiros na cabeça, eles não imaginavam a força com que esse país se levantaria”, disse Anielle.

Família de Marielle Franco após a decisão do Tribunal do Júri do Rio de Janeiro nesta quinta-feira. (Divulgação)

Luyara Franco, filha de Marielle, lembrou que ainda há muitos passos a serem dados nesse caso, mas que a condenação dos executores do assassinato foi o primeiro deles. “Nossa coragem trouxe a gente até aqui. É um dia muito difícil, que eu tenho certeza que nenhum [de nós] queria estar aqui hoje. Eu queria minha mãe aqui”.

Durante a sessão de quarta-feira do julgamento, Ronnie Lessa chegou a “pedir perdão” às famílias das vítimas. Ele afirmou que com isso “tirava um peso das costas”. Em resposta, nesta quinta-feira, 31, a esposa de Anderson, Ágatha Arnaus, afirmou: “eu não perdoo nunca. Eu tenho paz na minha vida, eu não preciso perdoar”.

O delegado Rivaldo Barbosa, o ex-policial militar Robson Calixto e o major Ronald Paulo Alves Pereira também são réus por envolvimento no crime e aguardam julgamento.

Leia mais: Assassinos de Marielle, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são condenados a 78 e 56 anos
Editado por Jadson Lima

O que você achou deste conteúdo?

VOLTAR PARA O TOPO