Quarentena recua para ‘fase amarela’ em São Paulo, anuncia Doria um dia após eleição

No ‘Novembro Diabetes Azul’, movimento que alerta para a importância do controle do diabetes e seu acompanhamento contínuo (Divulgação)

Com informações da Folha de São Paulo

SÃO PAULO – A cidade de São Paulo vai regredir para a fase amarela do Plano SP, assim como as outras regiões do estado que já estavam na fase verde. Com a decisão, comércios e serviços vão voltar a funcionar menos horas por dia.

A mudança não altera o cronograma de volta às aulas, permitindo que as escolas continuam abertas.

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Com a fase amarela, a ocupação dos estabelecimentos fica limitada a 40%; o funcionamento volta a ser limitado a dez horas por dia, como limite de horário até as 22h; e eventos com público em pé ficam proibidos.

A regressão de fase foi anunciada um dia após a eleição do segundo turno da capital paulista, vencida por Bruno Covas (PSDB) —o prefeito reeleito apoiado pelo governador do estado, João Doria (PSDB).

A capital, neste momento, encontra-se na fase 4, verde, a mais branda em termos de restrições, assim como as regiões de Campinas, Sorocaba e Baixada Santista, totalizando 76% da população do estado. Outra parcela grande de São Paulo está na fase 3, a amarela. Ao todo são cinco fases.

Com a queda no número de casos em setembro, as atualizações do Plano São Paulo, que eram feitas a cada duas semanas, passaram a ser mensais. No entanto, a atualização que deveria ter sido feita em 19 de novembro foi adiada para depois do segundo turno.

Na ocasião, Patricia Ellen, secretária de desenvolvimento, também reforçou que o adiamento foi uma medida de cautela e prudência, pois com a instabilidade no sistema do Ministério da Saúde da semana anterior, os dados que o governo tinham disponíveis poderiam conter alguma distorção e cidades com alta de caso poderiam progredir para a fase verde.

No mesmo dia, foi anunciado que a reclassificação voltaria a ser feita a cada 14 dias.

Alta de casos

Especialistas vinham alertando para a expansão preocupante da Covid em São Paulo nas últimas semanas.

O governo estadual e o municipal, contudo, resistiram a uma reanálise imediata da situação paulista, apesar da crescente ocupação em hospitais privados de referência de leitos destinados a pacientes com o novo coronavírus.

Os hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês foram alguns dos que tiveram aumento recente nos casos de Covid, acendendo um alerta entre médicos em um momento em que as medidas de prevenção contra a doença, como distanciamento social, evitar aglomerações e usar máscaras vêm sendo continuamente desrespeitadas.

Durante a corrida pela prefeitura de São Paulo, inclusive, os próprios candidatos causaram e participaram de aglomerações. Boulos, na semana que se encerrou, recebeu diagnóstico de Covid após um período de intensificação de contatos na campanha. Covas fora infectado anteriormente e ficou assintomático.

Questionado sobre o agravamento da pandemia em São Paulo tanto por jornalistas quanto por Boulos, seu adversário de pleito, Covas repetiu continuamente, nas semanas seguintes ao primeiro turno, dia 15, que a situação era estável.

“Há uma estabilidade da pandemia na cidade de São Paulo”, disse no sábado, 28, além de condenar a desconfiança em relação aos dados da vigilância sanitária.

“A gente teve um aumento na quantidade de internações, mas há estabilidade em relação ao número de casos e óbitos. Desacreditar a vigilância sanitária é como desacreditar os dados do Inpe que apontam aumentos de queimada no Brasil. Esse tipo de ação é que partidariza e politiza um trabalho feito pelos técnicos da prefeitura”, disse.

Os dados, porém, não respaldam o prefeito.

Nos hospitais municipais, muitos já reservaram alas para ampliação de leitos para tratamentos de pacientes com Covid-19. Segundo a prefeitura, nesta semana a rede ganharia mais 200 novos leitos de internações em enfermaria e UTI.

O projeto InfoGripe, da Fiocruz, por exemplo, que acompanha os casos de Srag (Síndrome Respiratória Aguda Grave) no país, mostra que São Paulo capital está com tendência moderada de aumento de casos da síndrome.

A Srag é associado a sintomas como tosse e falta de ar e pode ser causada por diversos motivos, inclusive vírus respiratórios como o Sars-CoV-2. Por isso, pode servir como indicativo das tendências da atual pandemia no país.

A situação é similar pelo país. O aumento das notificações de Srag ocorre em pelo menos 12 capitais, com tendências de crescimento de casos forte ou moderada, e em 21 das 27 unidades federativas.

Segundo dados da Secretária do Estado de Saúde de São Paulo, as internações, no sábado, 28, foram quase 20% superiores às de 28 dias atrás.

Novas internações em UTI ou enfermarias por casos confirmados ou suspeitos de Covid têm aumentado na Grande São Paulo desde ao menos os primeiros dias de novembro.

Os pacientes internados em leitos de UTI chegaram, neste sábado, a cerca de 2.463 (média móvel de 7 dias). Trata-se do maior valor desde em pelo menos dois meses (outubro e novembro).

Também vem crescendo a ocupação proporcional dos leitos de UTI na Grande São Paulo, onde a taxa chegou a 58%.

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