Quase dois milhões de pessoas vivem em residências sem acesso à água na região Norte
26 de junho de 2021

Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium
MANAUS – Quase dois milhões de brasileiros que vivem na região Norte do Brasil não tinham em suas residências acesso à água canalizadas na torneira. Os dados são dos Indicadores Sociais de Moradia no Contexto da pré-pandemia de Covid-19, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE) nesta semana. O estudo aprofunda a análise das condições de vida da população brasileira, com foco em características dos domicílios: abastecimento de água; adensamento domiciliar; existência de banheiro e rendimento domiciliar.
“No contexto atual, no qual autoridades de saúde apontam a importância do distanciamento social e da lavagem das mãos com água e sabão para o combate à pandemia, o IBGE considera fundamental disponibilizar informações que auxiliem a superação da crise e a proteção da população frente ao grave quadro de saúde pública global”, explica o analista do estudo, Bruno Mandelli Perez.

Essas dificuldades de higienização eram ainda maiores entre as grandes regiões do país. No Norte, 10,7%, o equivalente a dois milhões de pessoas da população brasileira residia em domicílios sem canalização interna de água e abastecidos principalmente de outra forma, que não a rede geral de distribuição de água.
Entre as unidades da federação, o maior valor foi verificado no Pará com 13,8%. Em segundo, o Acre com 12,4%, o terceiro, o Amazonas com 11,7%, Amapá 6,4%, Roraima 5,4%, Rondônia 3,0% e o Tocantins com 2,7%.
Brasil
Quase 38% da população do país tinham alguma vulnerabilidade de acesso à água, o que poderia dificultar a higienização das mãos e de objetos em 2019, período anterior à pandemia de Covid-19. Enquanto 22,4% moravam em domicílios sem abastecimento diário ou estrutura de armazenamento de água, 11,9% eram abastecidos por outra forma que não a rede geral. Além disso, 3,4% dos domicílios não estavam ligados à rede geral de água nem contavam com canalização.
O percentual de pessoas pretas ou pardas (4,8%) que viviam em domicílios que não tinham na rede geral a sua principal forma de abastecimento de água e não contavam com canalização interna nos domicílios era bem maior do que a população de brancos (1,6%).
A análise revela, ainda, que 10,4% das pessoas que residiam nas áreas urbanas do Brasil viviam em domicílios que, mesmo abastecidos principalmente pela rede geral de água, tinham frequência de abastecimento inferior à diária. Já nas áreas rurais, 18,8% das pessoas moravam em domicílios que não tinham na rede geral a sua principal forma de abastecimento de água e não contavam com canalização interna nos domicílios.