Queda de avião na China matou todas as 132 pessoas a bordo, confirmam autoridades

Equipes de busca no local onde o avião caiu (Lu Boan - 24.mar.22/ Xinhua)

PEQUIM | REUTERS e AFP – Não há sobreviventes entre os 123 passageiros e 9 tripulantes do Boeing 737-800 da China Eastern Airlines que caiu na última segunda-feira, informou neste sábado, 26, a Administração da Aviação Civil da China (CAAC), que regula o setor no país.

O voo MU5735 partiu da cidade de Kunming com destino a Guangzhou e caiu na tarde do dia 21 (ainda madrugada no horário de Brasília) em uma área montanhosa próxima a Wuzhou, no sul. Todos a bordo eram cidadãos chineses.

A confirmação das mortes torna esse acidente aéreo o pior desde 1994 no país, onde a segurança do setor é considerada boa por especialistas.

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Parentes de passageiros do voo da China Eastern chegam ao local do acidente – Noel Celis-24.mar.22/AFP

Dadas as condições da queda e os resultados dos primeiros dias de buscas, já havia pouca esperança de encontrar sobreviventes. Neste sábado, Hu Zhenjiang, vice-diretor da CAAC, confirmou a jornalistas que não havia sinais de vida no local do acidente.

Os socorristas disseram ter identificado o DNA de 120 dos ocupantes. Centenas de bombeiros, militares, médicos e voluntários foram mobilizados para buscar vestígios dos passageiros e as caixas-pretas.

A operação se dá, segundo a agência Reuters, em uma região com muita lama, depois de fortes chuvas nos últimos dias.PUBLICIDADE

Na quarta-feira, 23, as equipes recuperaram a primeira caixa-preta da aeronave, o gravador de voz da cabine. Ela foi levada para Pequim para análises e, ainda que estivesse “severamente danificada” do lado de fora, parecia ter sua unidade de memória preservada e intacta.

A CAAC chegou a anunciar que havia encontrado a segunda caixa-preta, que registra os dados de voo e poderia identificar eventuais falhas mecânicas, mas depois apagou a informação de suas redes sociais. Um porta-voz do órgão, neste sábado, disse que foi achado um transmissor de localização que, na aeronave, ficava próximo a essa caixa-preta.

Na quinta, foram vistas peças do motor, parte de uma asa e outros “detritos importantes” nas encostas de Guangxi, região montanhosa onde ocorreu o acidente. Uma peça de 1,2 metro de comprimento foi encontrada a mais de 10 quilômetros do local principal da queda, o que levou à ampliação da área vasculhada.

Nenhum composto usado em explosivos comuns foi detectado nos destroços do acidente, segundo informou uma autoridade local.

A aeronave caiu em um ângulo quase vertical e perdeu 8 km de altitude em menos de dois minutos, em circunstâncias que intrigam especialistas.

A CAAC disse que não há motivos para atribuir a queda do Boeing a alguma condição climática adversa. Registros meteorológicos na ocasião do acidente apontam que havia nebulosidade no trajeto percorrido, mas não a ponto de prejudicar a visibilidade.

Reportagem desta sexta do jornal americano The New York Times reforçou que o mistério em relação à queda é ainda maior quando se leva em conta o histórico dos pilotos —dois veteranos que tinham mais de 39 mil horas de experiência, o equivalente a quatro anos e meio sem escalas na cabine.

Especialistas ouvidos pela publicação disseram que uma derrubada intencional do avião sempre faz parte de qualquer investigação, mas que é prematuro optar por qualquer possibilidade.

Depois do acidente, a companhia aérea e duas de suas subsidiárias anunciaram que deixarão de usar mais de 200 Boeing 737-800. O modelo que caiu na segunda-feira tem bom histórico e é o antecessor do modelo 737 MAX, que está parado na China há mais de três anos após acidentes em 2018 na Indonésia e em 2019 na Etiópia.

Segundo a CAAC, a medida não foi necessariamente uma resposta a qualquer problema de segurança identificado na aeronave, mas uma reação de emergência ao acidente.

O órgão regulador lançou também uma força-tarefa de inspeção de todo o setor de aviação no país (incluindo companhias, escritórios de controle de tráfego aéreo e centros de treinamento). A campanha, que será realizada nas próximas duas semanas, visa a prevenir novos acidentes e a reforçar a segurança.

A Boeing e o Departamento de Transportes dos EUA auxiliam as autoridades chinesas na investigação.

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