Reação a ‘PL da Anistia’ e ‘PEC da Blindagem’ mobiliza atos pelo País
Por: Fred Santana
20 de setembro de 2025
MANAUS (AM) – Nesse domingo, 21, acontece por todo o Brasil para uma série de manifestações contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 3/2021 – conhecida como “PEC da Blindagem” – e o Projeto de Lei 2162/23, que dá anistia a todos os envolvidos nos atos do 8 de janeiro de 2023. A mobilização ganhou força com o apoio de políticos, movimentos sociais e artistas renomados, que utilizam perfis em plataformas digitais para convocar a população às ruas. Em Manaus (AM), o ato está previsto para ser realizado na avenida Getúlio Vargas, no Centro da capital amazonense.
A “PEC da Blindagem”, aprovada na Câmara dos Deputados nesta semana, dificulta investigações e processos judiciais contra parlamentares, condicionando a abertura de ações penais ao aval própria Casa Legislativa da qual o congressista integra. Já o projeto de anistia visa perdoar crimes cometidos pelos participantes nos atos de 8 de janeiro de 2023 e investigações que tratam da tentativa de golpe de Estado no Brasil após as eleições presidenciais de 2022, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A proposta que dificulta as investigações seguiu para análise do Senado Federal, onde enfrenta resistência. Já a projeto de anistia segue na Câmara, que vai analisar o mérito do tema. Na quinta-feira, 18, o relator da proposta, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), indiciou que o seu relatório deve desidratar o PL.
Em Manaus, a concentração está marcada para às 8h, na faixa liberada da avenida Getúlio Vargas, no Centro. O percurso seguirá pelas avenidas Sete de Setembro e Eduardo Ribeiro, com encerramento na rua 24 de Maio. “Nós não vamos aceitar impunidade nem para golpistas, nem para políticos corruptos. O Brasil precisa de transparência e responsabilidade, não de manobras para proteger quem deveria ser o primeiro a dar exemplo”, afirmou o Diretor da UNE Ruan Bentes.
“Essa manifestação expressa uma indignação que se compartilha em todo o país. A população não concorda e não aceitará que deputados federais atuem em favor da impunidade sob o pretexto de uma suposta “pacificação nacional”. Na prática, isso significa conceder carta branca ao crime, beneficiando não apenas quem já possui foro privilegiado, mas também dirigentes partidários”, explicou Alessandrine Silva, advogada da União Brasileira de Mulheres e uma das organizadoras do movimento em Manaus.
“No Amazonas os deputados que votaram a favor dessa aberração estão sempre defendendo projetos inconstitucionais, enquanto os debates sobre o nosso estado são improfícuos e não mudam a vida da nossa população”, disse a advogada. Alessandrine aproveitou para criticar a ideia de que a anistia aos atos do 8 de janeiro de 2023 “pacificaria” o País. “O que pacificará nosso País é memória e justiça para os crimes contra nossa democracia, a Taxação de Super Ricos, o Fim da Escala 6×1, a Reforma Agrária, e a Demarcação de Territórios Indígenas, e JAMAIS a impunidade”, afirma.
Mobilizações pelo Brasil
Além de Manaus, protestos semelhantes vão acontecer em diversas capitais, como Porto Velho (RO), Macapá (AP), Belém (PA), Cuiabá (MT), Fortaleza (CE), Recife (PE), João Pessoa (PB), Natal (RN), Brasília (DF) Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC) e Rio de Janeiro (RJ).
Vários artistas e celebridades se manifestaram publicamente contra as propostas. No Rio de Janeiro, está previsto um grande ato em Copacabana, com a presença confirmada dos cantores Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Djavan, Marina Sena, Maria Gadú e Os Garotins. Caetano criticou a proposta aprovada na Câmara dos Deputados, chamando-a de “PEC da Bandidagem” e enfatizando a necessidade de uma resposta popular.
Além disso, artistas como Anitta, Daniela Mercury, Matheus Nachtergaele, Fernanda Abreu, Marcos Palmeira, Sophie Charlotte e Ana Carolina também se posicionaram contra as propostas, utilizando suas redes sociais para convocar a população aos protestos.
A Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, juntamente com sindicatos e movimentos sociais, organizam atos em 19 Estados brasileiros. Os manifestantes exigem a rejeição da “PEC da Blindagem” e do projeto de anistia, defendendo a manutenção da democracia e da justiça no País.