Reconhecimento internacional: príncipe Charles confirma posicionamento do Amazonas na COP26

Eduardo Taveira concedeu entrevista exclusiva aos jornalistas Arnoldo Santos e Bruno Pacheco (Reprodução)

Bruno Pacheco e Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – O príncipe Charles, herdeiro do trono britânico, reconheceu nessa quinta-feira, 4, durante a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26), em Glasgow, na Escócia, que o Amazonas segue o caminho correto em busca do equilíbrio entre conservação ambiental e crescimento econômico, principalmente, para as populações mais pobres e vulneráreis.

A declaração do monarca inglês foi direcionada ao secretário de Estado do Meio Ambiente do Amazonas, Eduardo Taveira, que representa o governador do Amazonas, Wilson Lima, na COP26. O secretário concedeu entrevista exclusiva à REVISTA CENARIUM na noite dessa quinta-feira, 4, logo após o evento. “Em uma das oportunidades que o Amazonas teve para se expressar, a mensagem que falei a ele [príncipe Charles] foi exatamente esta: ‘é muito importante a gente encontrar caminhos para equilibrar conservação ambiental e crescimento econômico, em especial, para as populações mais pobres e vulneráveis”, lembrou o secretário.

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Eduardo Taveira concedeu entrevista exclusiva aos jornalistas Arnoldo Santos e Bruno Pacheco (Reprodução)

Segundo Taveira, que participou de uma reunião com o monarca e governadores brasileiros para o lançamento da campanha “Race to Zero” (Corrida ao Zero), na qual os Estados do Brasil se comprometem em zerar as emissões líquidas de carbono até 2050, o príncipe Charles prontamente respondeu: “Este é o ponto. É exatamente isso que a gente tem que fazer. Concordo integralmente com o Amazonas, de que a gente tem que encontrar respostas para a diminuição da pobreza, ao mesmo tempo que a gente avança na conservação e redução das emissões”. Para o herdeiro do trono britânico, os países ricos são os verdadeiros responsáveis para encontrar esses mecanismos.

Amazônia como pauta

Eduardo Taveira destaca que, desde que passou a acompanhar a COP26, a Amazônia sempre foi a pauta principal do evento. Nas redes sociais, o secretário lembra que, querendo ou não, a região está nos centros das atenções globais e, diante disso, é de extrema importância que tanto questões relacionadas ao desenvolvimento quanto a defesa da floresta sejam sempre tratadas pelos representantes da região em primeira pessoa, ou seja, sem intermediários.

“Foi o que escrevi nas minhas redes sociais, é importante que toda vez que se fale da Amazônia e do Amazonas nós estejamos presentes. É por isso que é muito importante a participação nossa aqui na COP26 e em todos os locais. Temos que ser ator e defensor, tanto para o mal quanto para o bem do ponto de vista das cobranças que surgem, mas não podemos deixar que terceiros falem pela gente. A floresta é nossa, mas ela tem atribuições globais e se ela é nossa, temos que cuidar, fazer o melhor uso possível para que a gente tenha essas garantias de sustentabilidade a longo prazo”, reforçou à REVISTA CENARIUM.

Eduardo Taveira falou, nas redes sociais, da importância do Amazonas estar presente na COP26 (Reprodução/Redes Sociais)

Visita alemã confirmada

De acordo com Taveira, uma delegação da Alemanha confirmou que estará em Manaus entre os dias 3 e 4 de dezembro deste ano para conversar com o governador Wilson Lima e apresentar propostas de cooperação para a região. O País europeu garantiu ainda o lançamento de um novo fundo, intitulado “Fundo Floresta” voltado para apoiar diretamente alguns Estados que compõem a Amazônia. Segundo ele, inicialmente estão previstos apoio para dois Estados.

“Ainda não há a definição de quais Estados são, mas, logo após o início de 2022, serão apoiados mais 4 Estados e é muito importante definir essa agenda de recursos que tem como um dos focos o desenvolvimento da bioeconomia, inclusive, é uma pauta que já temos trabalhado”, ressalta o secretário.

Taveira alerta ainda para a necessidade de desenvolver e trabalhar estratégias voltadas ao crescimento. “Não dá para falar de combate ao desmatamento, do combate às ilegalidades ambientais, se a gente não tiver uma uma alternativa econômica de baixas emissões que garanta às pessoas uma renda. Essa estratégia de conservação ambiental e o manejo econômico é, de fato, muito importante”, alerta Eduardo.

Mercado de carbono

Além de encontrar com o príncipe Charles para falar sobre a conservação ambiental e a diminuição da pobreza, o secretário Eduardo Taveira também se reuniu com representantes dos Estados brasileiros credenciados pela iniciativa Leaf Coalition (Coalizão Leaf), um programa bilionário lançado em 22 de abril deste ano contra o desmatamento, no qual o Amazonas é um dos líderes climáticos.

A iniciativa Leaf, segundo Taveira, coloca parâmetros para que os Estados possam aumentar as suas ambições de estoque de carbono, ou seja, diminuir o desmatamento, aumentar a recuperação de áreas degradadas, aumentando o preço do carbono.

“Atualmente, se paga em média US$ 5 (dólares) para o carbono desse mercado voluntário e a iniciativa está propondo um desenho para chegar até U$ 10 a tonelada. Por exemplo, para o Amazonas, se a gente considerasse os estoques de 2004 até 2019, teríamos quase US$ 9 bilhões só em estoque de carbono, que poderia ser um dinheiro muito bom para investir em novas atividades econômicas”, frisou.

“A Leaf Coalition está, por meio de uma metodologia de quantificação e precificação de carbono chamada Art Trees, querendo definir esse padrão como global e atrair empresas para que possam suportar. A boa notícia é que o Amazonas já está creditado, credenciado junto a essa metodologia. Uma vez que esse mercado e essa metodologia estejam prontos, o Amazonas já é um líder dentro da Região Norte e dentro dos Estados aptos a receber recurso por compensação de emissões, por meio de carbono e mercado voluntário”, reforçou Taveira.

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