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Região Norte tem maior taxa de mortes de quilombolas por Covid-19 do País
Boletim apontou 61 mortes por Covid-19 em comunidades quilombolas no Norte do Brasil (El País)
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01 de agosto de 2020
Jarleson Lima – Da Revista Cenarium
MANAUS – Terceira maior concentração de comunidades quilombolas oficialmente reconhecidas no Brasil, a Região Norte é líder de uma triste estatística. O boletim epidemiológico divulgado na última quarta-feira, 29, no site da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) mostrou que a Região Norte é a área do País com maior número de mortes provocadas pelo novo Coronavírus.
Segundo o documento, o Norte registrou ao todo 61 óbitos por Covid-19 desde o inicio da pandemia. Isso quer dizer que 44,2% dos 138 óbitos aconteceram em comunidades quilombolas localizadas na região. Se compararmos com as demais áreas, a situação é ainda pior: a Região Nordeste, território nacional com mais zonas advindas de quilombo, marcou “apenas” 23,9% do número de mortes, terceiro lugar nos índices.
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De modo isolado, o Pará, quarto maior abrigo de espaços quilombolas no Brasil, possui cerca de 40 óbitos confirmados até a divulgação do boletim, isso coloca o Estado na primeira colocação da lista. Em número de casos, o Pará também se sobressai e soma mais que o triplo da soma de 16 estados juntos, são 1.540 infectados no total, 40,05% da parcela do País, que já tem mais de 3 mil e 700 ocorrências.
Outro lugar observado com atenção pela Conaq é o Amapá. Com 44 comunidades certificadas, o estado registrou 19 mortes de quilombolas em decorrência do novo Coronavírus. Um levantamento feito em maio pela instituição apontou ainda que Ressaca da Pedreira, importante eixo agrícola do Amapá, foi um dos quilombos mais afetados pela pandemia no Brasil.
Os índices na Amazônia Legal
Já no território que compreende a Amazônia Legal, Região Norte e parte do Maranhão e Mato Grosso, os números também são protuberantes. Foram contabilizados 75 óbitos nos territórios amazônicos de quilombo. De acordo com estudo realizado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Ambientes Amazônicos da Universidade Federal do Amazonas (Nepam/ Ufam), as áreas quilombolas da Amazônia Legal possuem mais vítimas de Covid-19 do que qualquer outro lugar da América Latina.
Em entrevista ao G1, o historiador Ítalo Ferreira de Oliveira, autor da pesquisa pontuou a gravidade da letalidade do novo Coronavírus nessas comunidades tradicionais: “A taxa de letalidade mundial de coronavírus oscila entre 0,9% e 1,2%, sendo que na Amazônia Brasileira e na Panamazônia a taxa de mortalidade entre quilombolas chega a 17%”, ressaltou.
Vetos a ações de prevenção
No início do mês, o presidente Jair Bolsonaro vetou 14 pontos do projeto (PL 1142/20) que busca criar ações para combater o avanço da Covid-19 entre indígenas, quilombolas, pescadores artesanais e demais comunidades tradicionais, populações consideradas de estrema vulnerabilidade ao vírus. A informação é da Agência Câmara de Notícias.
Os trechos vetados obrigavam o governo a cumprir uma série de exigências com esse povos, dentre elas o acesso a água potável; a distribuição gratuita de materiais de higiene, limpeza e de desinfecção; a oferta emergencial de leitos hospitalares e de terapia intensiva; e a compra de ventiladores e máquinas de oxigenação sanguínea.
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