Reino Unido: parlamentar que compartilhou fake news de vacinas da Covid-19 é afastado por partido
11 de janeiro de 2023
O conservador ainda saiu em defesa do uso da ivermectina para tratar a Covid-19 (Getty Images/Reprodução)
Da Revista Cenarium*
REINO UNIDO – O Partido Conservador do Reino Unido anunciou nesta quarta-feira, 11, o afastamento do deputado Andrew Bridgen, após ele compartilhar, no Twitter, uma série de afirmações falsas sobre vacinas contra a Covid-19.
“Andrew Bridgen cruzou a linha”, disse o correligionário Simon Hart, responsável pela disciplina parlamentar dos conservadores britânicos. “A desinformação sobre o imunizante custa vidas. Assim, a remoção de Bridgen tem efeito imediato, e aguardamos uma investigação formal.”
Em uma publicação, por exemplo, o político disse que as vacinas estão “causando sérios danos” e que “está ficando cada vez mais evidente como elas fazem isso”. “Não é de se admirar que tantas pessoas estejam doentes desde a vacinação”, afirmou ele, em outras mensagens enganosas.
O conservador ainda saiu em defesa do uso da ivermectina para tratar a Covid-19. Como mostraram diversos estudos científicos, não há evidências de que o remédio antiparasitário funcione contra a doença.
Andrew Bridgen, parlamentar britânico, no Palácio de Westminster, em Londres (Justin Tallis/10.mai.22/AFP)
Em outro post, ao comentar a crise no sistema de saúde público britânico, o NHS disse que há um “elefante na sala”: “O atual excesso de mortes em todos os países que administram vacinas de mRNA de terapia genética”. A afirmação é falsa. Vacinas que utilizam a tecnologia de RNA mensageiro não são terapia genética, não causam doenças e não provocam a mesma enfermidade que deveriam combater.
O que esses imunizantes fazem é “ensinar” as células do corpo humano a sintetizar a proteína spike, que é própria do coronavírus, para que o sistema imune esteja preparado para combatê-la.
Bridgen chegou a comparar o uso de vacinas à morte de cerca de seis milhões de judeus pelos nazistas, na Segunda Guerra. Compartilhando conteúdo de um site de teoria da conspiração, escreveu: “Como um cardiologista me disse, este é o maior crime contra a humanidade desde o Holocausto”.
Relatos de mortes em decorrência de vacinas anti-Covid são muito raros. O Reino Unido estima que 2.362 de seus cidadãos possam ter morrido em razão do contato com imunizantes — ou seja, cerca de 0,004% do total dos 53,8 milhões que receberam, ao menos, a primeira dose de uma vacina contra o coronavírus.
As autoridades alertam, porém, para o fato de que a forma como esses dados são obtidos faz com que seja impossível comprovar uma conexão entre os imunizantes aplicados e os óbitos. As cifras são colhidas dos chamados “yellow cards”, preenchidos por qualquer um que queira reportar, voluntariamente, suspeitas de efeitos colaterais ou reações à vacina. Além disso, alguns dos eventos poderiam acontecer, independentemente, da vacina, sobretudo, no caso de idosos e de pessoas com doenças pré-existentes.
Mesmo antes do afastamento, Bridgen já era alvo de “fritura”. Na terça, relatou a rede BBC, ele foi suspenso da Câmara dos Comuns, por cinco dias consecutivos, após violar um código de conduta parlamentar.
Em novembro, a Casa descobriu que o político, ao sair em defesa da empresa Mere Plantations, escondeu que tinha interesses financeiros no tema – a empresa doou dinheiro para sua campanha e financiou uma viagem dele a Gana. Bridgen é parlamentar desde 2010 pelo distrito de North West Leicestershire.
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