‘Retrocesso’: representantes do E-sports no Amazonas repercutem fala da ministra Ana Moser
11 de janeiro de 2023
Ana Moser, ministra do Esporte (Reprodução)
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium
MANAUS – A fala da ministra do Esporte, Ana Moser, sobre não considerar as competições de jogos eletrônicos (E-sports) um esporte, repercutiu negativamente na comunidade. Representantes do e-sports no Amazonas lamentaram o posicionamento e afirmaram que irão buscar diálogo.
Durante o UOL Entrevista, a ministra afirmou que a pasta não investirá no segmento, pois considera que os jogos eletrônicos fazem parte do entretenimento e não do esporte. “A meu ver, o esporte eletrônico é uma indústria de entretenimento, não é esporte. Então, você se diverte jogando videogame, você se divertiu. O atleta de e-sports treina, mas a Ivete Sangalo também treina para dar show e ela não é atleta, ela é uma artista que trabalha com entretenimento”, declarou.
A ministra do Esporte, Ana Moser (Reprodução)
O presidente da Federação Amazonense de E-sports,Andryw Antony, lamenta a postura da ministra e afirma que essa discussão retrocede pontos que já superados. “A declaração retrocede uma discussão que por muito tempo já é realizada no mercado de games, inclusive, contestando muito dos pontos que visa afastar o esporte eletrônico dos chamados esportes tradicionais“, aponta.
Antony lembra que países asiáticos, como a China, inseriram a modalidade nos Jogos Olímpicos em 2022, reconhecendo a prática como uma modalidade esportiva, classificando os jogadores como atletas, nas estruturas do reconhecimento profissional.
“Dizer que e-sports não pode ser considerado esporte é desconsiderar a própria mudança da essência do esporte como um todo, a gente tem exemplo aqui no Amazonas, que já existe uma lei em Manaus que a gente como instituição brigou muito“, fala Antony, sobre a Lei n.º 2.800 de 2021, de 18 de outubro, que reconheceu a modalidade como esporte em Manaus.
Federação de E-sports durante “Copa Tefé”, evento realizado com o narrador nacional Samuca no interior do Amazonas (Reprodução)
A federação existe há três anos e fomenta a prática dos jogos eletrônicos tanto em Manaus quanto no interior, realizando eventos gratuitos para a comunidade e ajudando a profissionalização por meio de palestras e orientações.
“A prática de e-sports no Amazonas tem por objetivo a inclusão de todos os interessados, o desenvolvimento intelectual, cultural, fortalecer o raciocínio, a habilidade motora e a prática esportiva e educativa. Então, a fala da ministra não condiz com a realidade que hoje é vivida por milhares de atletas que por meio dos jogos eletrônicos levam o nome tanto do Amazonas quanto do País para o mundo“, diz.
O presidente esclareceu que segue lamentando a fala da ministra Ana Moser e espera que ela esteja aberta ao diálogo com a comunidade gamer. “A gente espera que ela estude e entenda de fato o que é o e-sports e a dimensão dessa modalidade e a importância de existir políticas públicas voltadas para o esporte eletrônico“, reforça.
O vereador Allan Campelo, autor da Lei que reconhece e-sports como prática esportiva no Amazonas, revela estar em tratativas para marcar uma reunião com a ministra. “Contactei minha assessoria e vamos tentar a partir de amanhã uma agenda com ela e com outros influentes do Brasil, para explicar o tamanho do segmento socialmente e na inclusão social“.
Allan Campelo, Andryw Antony, governador Wilson Lima, Leo Andrade e Alessandra Campelo ajudam a fomentar o e-sports no Estado. (Reprodução)
Para o parlamentar, a falta de compreensão a respeito da diferença entre o jogo recreativo e o competitivo pode ser responsável pela fala da ministra. “A gente tem um ditado dentro da comunidade que é ‘isso não é só um joguinho’, a gente precisa separar o jogo convencional do jogo profissional, como se separa o futebol competitivo, da pelada de fundo de quintal”, explica.
“Para se ter uma ideia, o Governo do Amazonas abraçou o e-sports e ano passado fizemos o primeiro Jogos Estudantis Eletrônicos do Brasil, foram mais de 6 mil jovens, completamente virtual, e esse ano tem de novo, em duas etapas: Manaus e interior“, pontua Campelo, que frisa a relevância de políticas públicas para estimular práticas esportivas e ações sociais.
“A Federação fez o Amazon Tecnogame, com várias modalidades esportivas em dois dias no ano passado, deu mais de 14 mil pessoas, arrecadamos mais de 10 mil quilos de alimentos para doar para instituições e é isso, é um mundo muito grande que precisa ser olhado”, finaliza.
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