Réu do ‘Caso Kiss’ chora e passa mal no primeiro dia de julgamento; ‘não sou assassino’

Luciano Bonilha Leão precisou ser levado à enfermaria, mas conseguiu acompanhar o julgamento. (Reprodução)

Com informações da Agência Brasil

BRASÍLIA – Luciano Bonilha Leão, ex-produtor da banda Gurizada Fandangueira e um dos quatro réus do julgamento do ‘Caso Kiss’, chegou, manhã desta quarta-feira, 1º, chorando ao Tribunal do Júri de Porto Alegre (RS), acompanhado por advogados. Aos prantos e com os olhos fechados, o acusado gritava: “eu não sou assassino”, antes de passar mal e ser levado à enfermaria para atendimento médico.

Segundo os advogados de Luciano, o réu teve um pico de pressão alta, foi atendido e liberado para ir ao plenário, onde a sessão é realizada.

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O julgamento

Além do produtor musical Luciano Bonilha Legão, são réus Elissandro Callegaro Spohr, ex-sócio da boate; Mauro Londero Hoffmann, também ex-sócio; e Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda. O julgamento deles pelo crime de homicídio no caso da Boate Kiss, ocorrido em 2013, em Santa Maria (RS), começou nesta quarta-feira, 1º. Após quase nove anos da tragédia, o julgamento deve durar cerca de 15 dias. No incêndio, 242 pessoas morreram e 636 ficaram feridas.

O caso ocorreu no dia 27 de janeiro de 2013, quando um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira disparou um artefato pirotécnico que atingiu a cobertura interna da boate e deflagrou o incêndio. A maioria das vítimas era jovem e morreu após inalar fumaça tóxica e não conseguir deixar a boate pela única porta de emergência que estava em funcionamento. 

Pela manhã, os trabalhos foram iniciados para composição do conselho de sentença, que será responsável pela decisão final de condenação ou absolvição dos réus. O júri será composto por seis homens e uma mulher. 

Na parte da tarde, teve início a fase de instrução, e a primeira testemunha foi ouvida. Kátia Giane Siqueira trabalhava no bar da boate e teve 40% do corpo queimado. Em depoimento emocionado, ela relatou os momentos de pânico dentro da boate. 

Kátia disse que conhecia cerca de 50 pessoas que morreram, entre funcionários e frequentadores. Além disso, ela confirmou que foi feita uma reforma para elevar o piso do palco antes do incêndio. 

A ex-funcionária afirmou que passou por cinco cirurgias de reparação de pele e que, por prescrição médica, tomava morfina para aliviar as dores. 

“Quando eu senti que era fogo mesmo, eu tentei respirar fundo, eu vi que os guris que trabalhavam no bar já tinham pulado o balcão e saído. Estava eu e outra menina, que faleceu. Na hora que a gente viu o que estava acontecendo, eu tentei sair e, como tinha gente empurrando, acabei desmaiando lá dentro”, relembrou. 

Na fase de instrução, mais 13 testemunhas de acusação arroladas pelo Ministério Público devem ser ouvidas, além de 14 convocadas pela defesa. 

Em seguida, está previsto o interrogatório dos quatro réus, que poderão ficar em silêncio e não responder aos questionamentos que forem feitos. 

A fase de debates será a próxima. Nessa parte, a acusação e os advogados dos réus apresentam seus argumentos aos jurados. 

A última fase será a sentença, quando os jurados deixam o plenário e se reúnem para dar o veredito. Ao retornarem, o juiz anunciará a sentença pela condenação ou absolvição.

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