Reuniões com militares e STF reduz tensões, mas aposta é que Bolsonaro logo crie nova crise

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux (à esquerda) e o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Oliveira. (Nelson Jr./SCO/STF)
Via Brasília – Da Revista Cenarium

Imagens e notícias que circulam com a participação de militares são sintomáticas. Primeiro, a presença do presidente Jair Bolsonaro na reunião do Alto Comando do Exército, o que é recorrente e não apresenta nenhuma novidade. Mas, é um gesto. Em seguida, outro gesto: uma reunião no Planalto de Bolsonaro com os três comandantes militares e também o general responsável pelo setor cibernético do Exército, o que também tem se repetido várias vezes. Neste caso, serviu até para alinhamento de discurso do terceiro cenário: o encontro do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Oliveira, com o presidente do STF, Luiz Fux.

Problemas reais

A conversa tinha o objetivo de tentar quebrar o gelo entre os dois lados, depois da fala do ministro Luís Roberto Barroso de que os militares estavam sendo orientados a atacar o processo eleitoral. Neste último caso, o cristal foi quebrado e cristais podem até ser colados, mas nunca voltam a ser como antes. Apesar de o tom das declarações do presidente do STF ser diferente da nota da Defesa emitida na ocasião, foi um passo na direção da distensão e tentativa de harmonia entre os Poderes. Mas todos sabem que mais dia, menos dia, essa harmonia acaba, já que o presidente Bolsonaro costuma criar crises recorrentes para desviar a atenção dos problemas reais do País.

5% para todos servidores

Bolsonaro ainda reflete sobre o que fazer com o reajuste do funcionalismo por causa da pressão de inúmeras categorias, principalmente o pessoal da área de segurança. A ideia dos 5% para todos continua em cima da mesa e a equipe econômica só precisa de um sinal definitivo de que vai ser isso mesmo para colocar o aumento na folha. Cada mês que passa é vantagem para a área econômica, mas o prazo não pode ultrapassar o mês de junho. No entanto, uma ideia que está sendo discutida é de que a prometida reestruturação para algumas carreiras fosse aprovada para valer a partir de 2023. Seria uma maneira de assegurar o que os servidores aguardam, sem frustrá-los totalmente nem explodir os gastos do orçamento.

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Discursos escritos

Não durou muito tempo a alegria dos petistas com a repercussão de Lula na capa da revista Time. O ex-presidente mais uma vez deu munição aos adversários ao dizer que o presidente da Ucrânia é tão responsável pela guerra quanto Putin. A incontinência verbal se transformou em motivo de aflição para os aliados do ex-presidente. Para evitar novos deslizes, auxiliares defendem que ele leia o pronunciamento redigido para o lançamento da pré-candidatura, dia 7, em São Paulo. Enquanto comete gafe seguida de gafe, o comando da campanha busca uma solução breve para estancar a crise na comunicação petista.

Congresso de olho na conta de energia

Os novos reajustes das distribuidoras, aprovados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no mês passado, devem ser foco de pressão no Congresso nas próximas semanas. No Senado, uma audiência pública marcada para o dia 17 espera conseguir com que a Aneel considere créditos tributários na última revisão tarifária. Para isso, teria que reabrir os processos. São valores de cerca de R$ 50 bilhões que o STF entendeu, ainda no ano passado, fruto de bitributação pela inclusão do PIS/Cofins na base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A agência determinou a devolução dos recursos apenas para alguns Estados. Na Câmara, também há requerimentos e audiências que devem ser aprovados para fazer coro ao Senado.

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