Rio Madeira: balsas de garimpeiros ilegais são incendiadas pela Polícia Federal em rio da Amazônia

Informações apuradas pela equipe da CENARIUM contabilizam, pelo menos, 30 balsas incendiadas. (Reprodução/Internet)

Gabriel Abreu e Priscila Peixoto – Da Revista Cenarium

AUTAZES (AM) e MANAUS (AM) – Agentes da Polícia Federal (PF) e fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) desarticularam, neste sábado, 27, a ação de um grupo de garimpeiros ilegais que atuava em mais de 300 balsas dragando metais do Rio Madeira, no trecho entre os municípios de Autazes (a 120 quilômetros de Manaus) e Nova Olinda do Norte (a 133 quilômetros de Manaus), na Operação Uiara.

Polícia Federal divulga momentos da operação no Rio Madeira. (Foto: Divulgação/PF)

Durante a operação, pelo menos 30 balsas foram incendiadas, outras centenas foram interditadas, houve casos em que as embarcações foram retiradas pelos garimpeiros antes da operação, após o vazamento da ação policial no Rio Madeira em grupos de WhatsApp.

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Segundo a PF, a operação contou com a ação de agentes do Amazonas e do Paraná, Distrito Federal, Paraíba e Pará. Além das “balsas-dragas”, maquinários, mercúrio e ouro foram apreendidos pelos agentes, em quantidades ainda não informadas. Vídeos divulgados pelos garimpeiros e captados por moradores também mostram momentos da operação com as balsas incendiadas no Paraná do Maracá, um dos braços do Madeira.

Em um dos braços d’água do Rio Madeira, Paraná do Maracá, balsas foram incendidas.

A operação durou todo o dia de sábado. Pelo menos dez garimpeiros foram presos, centenas deles conseguiram fugir para dentro da floresta, em comunidades da cidade de Nova Olinda do Norte. Não há informações de pessoas que ficaram feridas durante a operação. A PF investiga a identificação de quem eram os responsáveis pelo maquinário.

O acesso às balsas ocorreu, na maior parte da operação, por helicópteros da Polícia Federal, que aterrissaram nas margens do Rio Madeira. Agentes saíram das aeronaves armados e abordaram os garimpeiros, que, em sua maioria, não apresentaram resistência, segundo relatos de moradores da Comunidade Rosarinho, região próximo ao local onde estavam parte das balsas.

Helicópteros da Polícia Federal aterrissaram nas margens do Rio Madeira para prender garimpeiros. (PF)

Esperança na ilegalidade

Há dois dias, uma equipe de reportagem especial da REVISTA CENARIUM foi até a região onde estavam as balsas e conversou com garimpeiros ilegais no Rio Madeira. A maioria deles informou que via no “trabalho” de extração de metais no rio, uma “esperança” para driblar a falta de emprego na área rural do Amazonas.

“Aqui no leito do Rio Madeira tem ouro e ele é a garantia da nossa sobrevivência num país sem oportunidades”, diz o ex-agricultor Gideão Bentes Sales, de 36 anos, um dos garimpeiros que fazem a extração ilegal de metais em um dos maiores rios da Amazônia.

Ex-agricultor e agora garimpeiro, Gideão Bentes Sales, de 36 anos, segura ouro encontrado nas profundezas do Rio Madeira. (Foto: Ricardo Oliveira/ CENARIUM

Gideão, no momento da entrevista, estava em uma das mais de 300 “balsas-dragas” instaladas há quatro semanas no Rio Madeira, na Comunidade Rosarinho, no município de Autazes, cujo financiamento não se sabe a origem e que são alvo de órgãos de fiscalização ambiental.

Imagens das “balsas-dragas” no Rio Madeira, antes da operação da Polícia Federal. (Ricardo Oliveira/CENARIUM)

Durante o percurso de quatro horas em seis “vilas flutuantes” ou “cinturões de balsas”, como foi batizado pelos garimpeiros, chamava bastante atenção as precárias estruturas de madeira e os maquinários pesados funcionando com barulho ensurdecedor, além da constante fumaça negra expelida por uma espécie de fornalha. No local, havia a presença de crianças de colo, que acompanhavam os pais na extração ilegal do ouro no Rio Madeira.

Leia mais em: Rio Madeira: Eldorado e risco ambiental

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